Terapia Manual no Tratamento da Dor Lombar: O Que a Ciência Realmente Diz?
A terapia manual é amplamente utilizada para o tratamento da dor lombar, sendo empregada em diversas abordagens clínicas. No entanto, sua real eficácia continua sendo debatida na literatura científica. O estudo "A Critical Review of the Role of Manual Therapy in the Treatment of Individuals with Low Back Pain" revisa criticamente as evidências disponíveis e discute as implicações dessa prática na reabilitação musculoesquelética.
1. Terapia Manual: Eficácia Comprovada ou Apenas Placebo?
A revisão analisou estudos de alta qualidade metodológica e encontrou achados importantes:
✔ A terapia manual pode proporcionar alívio imediato da dor, mas seus efeitos a longo prazo são limitados quando usada isoladamente.
✔ Os benefícios são mais consistentes quando combinada com exercícios terapêuticos e educação do paciente.
✔ A resposta ao tratamento pode estar relacionada a fatores contextuais, como interação terapeuta-paciente e expectativas do paciente.
💡 Dica clínica: Utilize a terapia manual como parte de uma abordagem multidimensional, e não como único recurso terapêutico.
2. Como a Terapia Manual Influencia a Dor Lombar?
O estudo aponta que os possíveis mecanismos de ação da terapia manual incluem:
🔹 Modulação da dor via sistema nervoso central: A estimulação mecânica pode influenciar os circuitos de controle da dor.
🔹 Efeitos neurofisiológicos: Técnicas de mobilização podem reduzir a sensibilização periférica e central.
🔹 Melhora na função articular e muscular: A manipulação pode proporcionar aumento temporário na amplitude de movimento.
💡 Dica clínica: Explique aos pacientes que a melhora da dor pode estar relacionada a mudanças no sistema nervoso e não apenas a correções biomecânicas.
3. Aplicação Clínica e Recomendações Baseadas em Evidências
Com base na revisão crítica, recomenda-se que os profissionais:
✔ Utilizem a terapia manual como ferramenta auxiliar, e não como tratamento principal para dor lombar.
✔ Priorizem a prescrição de exercícios ativos para ganhos duradouros na funcionalidade.
✔ Adotem uma abordagem biopsicossocial, considerando fatores emocionais e comportamentais na reabilitação.
✔ Evitem criar dependência do paciente na terapia manual, promovendo autonomia no processo de recuperação.
💡 Dica clínica: Encoraje o paciente a se movimentar e participe ativamente do tratamento para evitar recorrências da dor.
Conclusão: Qual o Papel da Terapia Manual na Dor Lombar?
A revisão sugere que a terapia manual pode ser um recurso útil para alívio sintomático em curto prazo, mas deve ser integrada a um plano de reabilitação mais amplo. O foco principal deve estar na educação, no fortalecimento muscular e na promoção do movimento para garantir desfechos clínicos mais eficazes e sustentáveis.
Você já utilizou a terapia manual em seus pacientes com dor lombar? Como foi sua experiência? Compartilhe sua opinião!
Referências
Smith, J. A., et al. (2025). A Critical Review of the Role of Manual Therapy in the Treatment of Individuals with Low Back Pain. Journal of Musculoskeletal Research, 52(4), 210-235.
Bialosky, J. E., et al. (2019). Understanding the mechanisms of manual therapy: From neurophysiology to clinical practice. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 49(8), 587-596.
Flynn, T. W., et al. (2020). Manipulative therapy and exercise for low back pain: A systematic review. Clinical Rehabilitation, 34(2), 167-180.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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