Tendinopatia do Manguito Rotador: Como Diagnosticar e Tratar Sem Cirurgia?
A tendinopatia do manguito rotador (TMR) é uma das principais causas de dor no ombro e pode impactar significativamente a funcionalidade e qualidade de vida dos pacientes. O estudo "Rotator Cuff Tendinopathy Diagnosis, Non-Surgical Medical Care and Rehabilitation: A Clinical Practice Guideline" oferece diretrizes atualizadas para o diagnóstico e manejo dessa condição, enfatizando abordagens baseadas em evidências para otimizar os resultados clínicos.
1. Diagnóstico da Tendinopatia do Manguito Rotador
O diagnóstico da TMR deve ser realizado com base na combinação de exame clínico e histórico do paciente. Os principais achados incluem:
✔ Dor na região anterolateral do ombro, frequentemente exacerbada por atividades acima da cabeça.
✔ Testes ortopédicos positivos, como Jobe (teste do supraespinhal), Hawkins-Kennedy e Neer.
✔ Redução da força e mobilidade, especialmente nos movimentos de rotação externa e elevação.
✔ Imagem complementar apenas quando necessário, com ultrassonografia e ressonância magnética sendo indicadas para casos mais complexos.
💡 Dica clínica: O diagnóstico deve ser clínico, e exames de imagem não devem ser solicitados rotineiramente, a menos que haja suspeita de lesão extensa ou falha do tratamento conservador.
2. Tratamento Não Cirúrgico: O Que as Evidências Apoiam?
O manejo não cirúrgico é a primeira linha de tratamento para a TMR, com forte suporte da literatura científica. As principais estratégias incluem:
🔹 Exercícios terapêuticos: A reabilitação baseada em exercícios mostrou-se a abordagem mais eficaz, promovendo fortalecimento progressivo dos músculos do ombro e melhora da dor (Littlewood et al., 2016).
🔹 Terapia manual:Mobilizações articulares e técnicas de liberação miofascial podem ser utilizadas como complemento ao exercício (Lewis, 2018).
🔹 Modificação da carga: Ajustar o volume e a intensidade das atividades físicas reduz a sobrecarga no tendão e favorece a recuperação.
🔹 Uso criterioso de anti-inflamatórios: Medicamentos podem ser indicados para controle inicial da dor, mas não devem substituir a reabilitação ativa (Challoumas et al., 2021).
🔹 Infiltrações com corticosteroides: Indicadas apenas em casos de dor intensa e refratária ao tratamento conservador, sendo de efeito temporário.
💡 Dica clínica: Exercícios de fortalecimento excêntrico e isotônico são mais eficazes do que abordagens passivas para a recuperação funcional da TMR!
3. Protocolos de Reabilitação Baseados em Evidências
A reabilitação para a TMR deve ser individualizada e progressiva, com ênfase nas seguintes etapas:
✔ Fase inicial: Controle da dor e ativação da musculatura do ombro com exercícios leves.
✔ Fase intermediária:Fortalecimento progressivo com resistência moderada, incluindo exercícios isométricos e concêntricos.
✔ Fase avançada: Integração funcional, com foco em movimentos específicos do esporte ou das atividades diárias do paciente.
✔ Retorno à atividade: Critérios claros para progressão devem incluir ausência de dor e recuperação da força e mobilidade completa.
💡 Dica clínica: O tempo médio de recuperação varia entre 12 e 24 semanas. A aderência ao programa de exercícios é um dos principais fatores para o sucesso do tratamento!
Conclusão: Tratamento Conservador Deve Ser a Primeira Escolha
A tendinopatia do manguito rotador é uma condição tratável com estratégias baseadas em evidências. A ênfase deve estar na reabilitação ativa, evitando intervenções desnecessárias e promovendo um tratamento eficaz e sustentável. O estudo revisado reforça que a abordagem conservadora, especialmente os exercícios terapêuticos, deve ser a primeira linha de tratamento para a TMR.
Você já aplicou essas diretrizes na sua prática clínica? Compartilhe suas experiências!
Referências
Challoumas, D., et al. (2021). Management of rotator cuff tendinopathy: A systematic review and meta-analysis. British Journal of Sports Medicine, 55(3), 157-168.
Lewis, J. (2018). Rotator cuff related shoulder pain: Assessment, management and uncertainties. Manual Therapy, 38, 99-113.
Littlewood, C., et al. (2016). Rehabilitation for rotator cuff tendinopathy: A systematic review. Journal of Physiotherapy, 62(4), 200-207.
Por Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths) Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
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