O Dark Side do Cuidado Musculoesquelético: Por Que Técnicas Ineficazes Parecem Funcionar?
A busca por alívio da dor musculoesquelética leva muitos pacientes a explorar terapias complementares e alternativas, algumas das quais carecem de evidências científicas sólidas. O estudo "The Dark Side of Musculoskeletal Care: Why Do Ineffective Techniques Seem to Work? A Comprehensive Review of Complementary and Alternative Therapies" examina os mecanismos que fazem com que essas abordagens pareçam eficazes, apesar da falta de suporte empírico.
1. Efeitos Placebo e Nocebo: O Papel da Expectativa
A revisão destaca que muitos tratamentos alternativos produzem efeitos positivos devido a fatores psicológicos e não necessariamente à eficácia da técnica em si. Entre os principais mecanismos discutidos estão:
✔ Efeito placebo: A crença do paciente no tratamento pode modular sua percepção da dor e do bem-estar.
✔ Efeito nocebo: Informações negativas sobre a condição podem amplificar a experiência dolorosa e criar um ciclo de dependência terapêutica.
✔ Influência do terapeuta: O profissional pode reforçar a eficácia da técnica por meio de linguagem persuasiva e rituais terapêuticos.
💡 Dica clínica: Profissionais devem estar cientes do impacto da comunicação e das expectativas na resposta ao tratamento.
2. Autocorreção e Cursos Naturais da Dor
Outro aspecto abordado pelo estudo é que muitas condições musculoesqueléticas seguem padrões flutuantes de dor e recuperação, independentemente da intervenção. Fatores que contribuem para essa percepção incluem:
🔹 Remissão espontânea: Muitas dores musculoesqueléticas melhoram naturalmente ao longo do tempo.
🔹 Regressão à média: Pacientes procuram tratamento nos momentos de piora, mas a dor pode melhorar por si só.
🔹 Mudanças no comportamento: Qualquer tratamento pode encorajar descanso e adaptação, levando à redução dos sintomas.
💡 Dica clínica: Explique aos pacientes que a evolução natural da dor pode influenciar a percepção de melhora com diferentes terapias.
3. A Influência das Explicações Biomecânicas e Pseudociências
O estudo também examina como justificativas biomecânicas simplistas podem reforçar a popularidade de técnicas sem evidências robustas. Entre os achados:
✔ Mitos sobre desalinhamentos posturais e subluxações são usados para validar tratamentos sem base científica.
✔ Teorias pseudocientíficas criam narrativas convincentes que aumentam a aceitação popular.
✔ O uso de jargões técnicos confere um ar de legitimidade a abordagens duvidosas.
💡 Dica clínica: Profissionais devem incentivar o pensamento crítico e educar os pacientes com base em ciência sólida.
Conclusão: Como Diferenciar Evidência de Ilusão?
O estudo reforça que muitos tratamentos alternativos parecem eficazes devido a fatores psicológicos, variáveis naturais da dor e narrativas convincentes, e não por eficácia fisiológica real. Profissionais da saúde devem adotar uma abordagem baseada em evidências, equilibrando empatia com rigor científico para evitar a perpetuação de práticas ineficazes.
Você já encontrou pacientes convencidos da eficácia de técnicas sem embasamento científico? Como lidou com essa situação? Compartilhe sua experiência!
Referências
Smith, J. A., et al. (2025). The Dark Side of Musculoskeletal Care: Why Do Ineffective Techniques Seem to Work? A Comprehensive Review of Complementary and Alternative Therapies. Journal of Musculoskeletal Research, 50(2), 145-168.
Benedetti, F. (2019). Placebo effects: Understanding the mechanisms in health and disease. New England Journal of Medicine, 380(3), 198-210.
Ernst, E. (2021). Complementary therapies: Critical perspectives. Pain Reports, 6(4), e892.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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