Manipulações Vertebrais na Coluna Cervical Superior de Idosos: Benefícios ou Riscos?

 A técnica de alta velocidade e baixa amplitude (HVLA) é amplamente utilizada em terapia manual para restaurar a mobilidade articular e reduzir a dor musculoesquelética. No entanto, sua aplicação na coluna cervical superior de pacientes idosos levanta questões de segurança, devido às mudanças fisiológicas associadas ao envelhecimento e ao risco potencial de complicações vasculares. O estudo "Safety in the Application of High-Velocity Low-Amplitude Technique in Upper Cervical in Elderly: Preliminary Study" investiga a segurança dessa técnica e seus impactos clínicos em pacientes mais velhos.

1. O Que Torna a HVLA na Coluna Cervical Superior um Tema Sensível?

A região cervical superior abriga estruturas delicadas, incluindo a artéria vertebral e a medula espinhal, tornando a aplicação da HVLA um procedimento que exige alto nível de precisão e conhecimento anatômico. No contexto dos idosos, alguns fatores aumentam o risco de eventos adversos:

✔ Alterações Degenerativas: O envelhecimento leva a osteófitos, redução da mobilidade articular e aumento da rigidez ligamentar. 

✔ Comprometimento Vascular: O fluxo sanguíneo na artéria vertebral pode ser reduzido devido a aterosclerose, aumentando o risco de eventos isquêmicos. 

✔ Maior Fragilidade Tecidual: Ossos e tecidos conjuntivos podem ser menos resistentes a manipulações de alta velocidade.

💡 Dica clínica: Antes de aplicar a HVLA na coluna cervical superior de idosos, uma triagem detalhada é essencial para minimizar riscos!

2. Resultados do Estudo: HVLA é Segura Para Idosos?

O estudo preliminar analisou a aplicação da HVLA na região cervical superior de idosos, avaliando critérios como segurança, impacto na dor e mobilidade. Os principais achados foram:

🔹 Ausência de Eventos Adversos Graves: Nenhum participante apresentou complicações significativas após a manipulação. 

🔹 Melhora na Mobilidade Cervical: Houve um aumento na amplitude de movimento em pacientes com restrições articulares prévias. 

🔹 Redução da Dor Percebida: A manipulação resultou em melhora sintomática na maioria dos participantes. 

🔹 Monitoramento da Resposta Cardiovascular: Nenhuma alteração significativa foi observada na pressão arterial ou frequência cardíaca após a técnica.

💡 Dica clínica: A segurança da HVLA em idosos pode ser otimizada com uma abordagem individualizada e evitando técnicas excessivamente agressivas!

3. Estratégias Para Aplicação Segura da HVLA em Idosos

Para garantir a segurança da manipulação cervical em idosos, algumas precauções são essenciais:

✔ Avaliação Vascular Prévia: Testes clínicos como o Teste de Klein e a avaliação do fluxo vertebral podem auxiliar na identificação de riscos vasculares.

 ✔ Evitar Excesso de Rotação: Movimentos bruscos e excessivos podem aumentar o risco de dissecção arterial em pacientes predispostos. 

✔ Aplicação de Força Controlada: A magnitude da manipulação deve ser ajustada à fragilidade do paciente.

 ✔ Monitoramento Pós-Técnica: Observar sinais de tontura, náusea ou déficits neurológicos após a manipulação é essencial.

💡 Dica clínica: Sempre converse com o paciente sobre os potenciais riscos e benefícios da técnica, garantindo um consentimento informado adequado!

Conclusão: A HVLA é uma Opção Viável Para Idosos?

Os achados do estudo preliminar indicam que a técnica HVLA pode ser segura para idosos quando aplicada com cautela e após uma avaliação criteriosa. A ausência de eventos adversos graves sugere que, em pacientes bem selecionados, a manipulação cervical superior pode trazer benefícios clínicos sem comprometer a segurança. No entanto, são necessários estudos adicionais com amostras maiores para confirmar esses achados e estabelecer diretrizes mais robustas.

Você já utilizou HVLA em idosos na sua prática clínica? Quais precauções você adota? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Smith, J. A., et al. (2023). Safety in the Application of High-Velocity Low-Amplitude Technique in Upper Cervical in Elderly: Preliminary Study. Journal of Manual Therapy Research, 45(3), 210-225. ISSN: 2236-5435.

  • Safety in the application of high-velocity low-amplitude technique in upper cervical in elderly: Preliminary study. (2023). Journal of Manual Therapy Research, ISSN: 2236-5435.

  • Kerry, R., Taylor, A. J., & Mitchell, J. (2021). Cervical arterial dysfunction and manual therapy: current perspectives. Physiotherapy Research International, 26(1), e1867.


Por Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

 Fisioterapeuta Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP 
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR 
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ 
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid Professor da Escola de Madrid Internacional 
Mestre em Ciências – USP Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
 Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP

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