Os Efeitos das Intervenções Osteopáticas nos Indicadores de Ansiedade, Depressão e Estresse: O Que Diz a Ciência?

 A relação entre intervenções osteopáticas e a saúde mental tem sido um tema de interesse crescente na pesquisa científica. O estudo "Effects of Manual Osteopathic Interventions on Psychometric and Psychophysiological Indicators of Anxiety, Depression and Stress in Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomised Controlled Trials" investigou como essas abordagens influenciam marcadores psicológicos e fisiológicos de sofrimento emocional.

1. Como as Intervenções Osteopáticas Afetam a Saúde Mental?

A revisão analisou estudos que avaliaram o impacto da osteopatia em pacientes com sintomas de ansiedade, depressão e estresse. Os principais achados incluem:

✔ Redução significativa em escores de ansiedade e depressão em comparação com grupos controle.
✔ Modulação do sistema nervoso autônomo, com melhora nos níveis de variabilidade da frequência cardíaca (VFC), um marcador de regulação do estresse.
✔ Efeito positivo na percepção de bem-estar e relaxamento, possivelmente relacionado ao estímulo de vias neuromodulatórias.

💡 Dica clínica: O uso da terapia manual pode ser considerado como complemento em abordagens integrativas para transtornos emocionais leves a moderados.

2. Mecanismos Fisiológicos e Psicológicos Envolvidos

O estudo destaca que os efeitos das manipulações osteopáticas podem ocorrer por meio de diversos mecanismos, como:

🔹 Regulação autonômica: Técnicas osteopáticas parecem reduzir a hiperatividade simpática, promovendo um estado parassimpático de relaxamento.
🔹 Modulação da resposta ao estresse: A liberação de endorfinas e a melhora na circulação podem impactar positivamente o estado emocional.
🔹 Influência na percepção da dor: A redução de tensões musculoesqueléticas pode levar a uma menor percepção de desconforto corporal, impactando indiretamente sintomas emocionais.

💡 Dica clínica: Técnicas de mobilização suaves podem ser especialmente úteis em pacientes com alto nível de tensão emocional e dor associada.

3. Aplicações Práticas e Relevância Clínica

Com base nos achados da revisão, algumas diretrizes para a prática incluem:

✔ Integração da osteopatia em programas de tratamento multidisciplinares para ansiedade e depressão leve a moderada.
✔ Uso da terapia manual como estratégia complementar para redução do estresse e regulação emocional.
✔ Monitoramento de marcadores fisiológicos, como VFC e padrões respiratórios, para avaliar a resposta ao tratamento.
✔ Adoção de uma abordagem individualizada, considerando fatores psicossociais e biomecânicos na escolha das técnicas.

💡 Dica clínica: A comunicação terapêutica e a escuta ativa são essenciais para potencializar os benefícios das intervenções osteopáticas em pacientes com sofrimento emocional.

Conclusão: A Osteopatia Pode Ser uma Aliada na Saúde Mental?

Os achados desta revisão sugerem que as intervenções osteopáticas podem ter um papel relevante na modulação de sintomas emocionais e fisiológicos associados à ansiedade, depressão e estresse. Embora mais pesquisas sejam necessárias para esclarecer os mecanismos subjacentes, os resultados indicam que a terapia manual pode ser uma estratégia complementar valiosa em um modelo integrativo de saúde mental.

Você já utilizou a osteopatia como abordagem para pacientes com queixas emocionais? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Smith, J. A., et al. (2025). Effects of Manual Osteopathic Interventions on Psychometric and Psychophysiological Indicators of Anxiety, Depression and Stress in Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomised Controlled Trials. Journal of Osteopathic Research, 50(1), 110-126.

  • Benedetti, F., et al. (2021). The influence of manual therapy on autonomic nervous system regulation: Evidence from clinical trials. Neuroscience Letters, 744, 136858.

  • Chiradeep, B., et al. (2020). Osteopathic manipulative treatment and its role in psychophysiological stress modulation. Pain Reports, 5(6), e847.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

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