Alterações nos Marcadores Bioquímicos Após Manipulação Vertebral: Uma Revisão Sistemática e Meta-análise
A manipulação vertebral é uma técnica amplamente utilizada em fisioterapia, quiropraxia e osteopatia para tratar disfunções musculoesqueléticas, reduzir dor e melhorar a mobilidade. Recentemente, o interesse sobre os efeitos fisiológicos dessa prática tem aumentado, especialmente em relação às alterações em marcadores bioquímicos relacionados à inflamação, estresse e analgesia. O estudo "Changes in Biochemical Markers Following Spinal Manipulation: A Systematic Review and Meta-analysis" explorou as evidências científicas sobre essas mudanças e seus impactos na prática clínica.
1. O que São Marcadores Bioquímicos e Por Que Eles Importam?
Marcadores bioquímicos são substâncias mensuráveis no sangue, saliva ou urina que refletem processos fisiológicos específicos no corpo. No contexto da manipulação vertebral, os principais marcadores estudados incluem:
✔ Cortisol: Hormônio relacionado ao estresse, cuja redução pode indicar efeitos relaxantes.
✔ Beta-endorfina: Um potente analgésico endógeno, associado ao alívio da dor.
✔ Citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-alfa): A redução dessas substâncias pode indicar efeitos anti-inflamatórios.
✔ Óxido Nítrico (NO): Relacionado à vasodilatação e melhora da circulação sanguínea.
💡 Dica clínica: A avaliação de marcadores bioquímicos pode ajudar a compreender os efeitos fisiológicos da manipulação vertebral além da redução de sintomas clínicos.
2. Principais Achados da Revisão Sistemática e Meta-análise
O estudo revisou múltiplas pesquisas sobre manipulação vertebral e seus efeitos em diferentes marcadores bioquímicos. Os principais resultados incluem:
✔ Redução significativa no nível de cortisol em muitos participantes, sugerindo um efeito relaxante e modulador do estresse.
✔ Aumento nos níveis de beta-endorfina, indicando que a manipulação pode ter um papel importante na modulação da dor.
✔ Redução de citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF-alfa), apontando para um possível efeito anti-inflamatório.
✔ Elevação dos níveis de óxido nítrico (NO), que pode melhorar o fluxo sanguíneo local e a oxigenação tecidual.
No entanto, os autores ressaltam que a magnitude dos efeitos bioquímicos pode variar de acordo com fatores como a técnica utilizada, a frequência das sessões e o perfil clínico do paciente.
💡 Dica clínica: A manipulação vertebral pode ser uma estratégia eficaz para modulação da dor e inflamação em pacientes com dor crônica, mas deve ser aplicada em conjunto com outras abordagens terapêuticas.
3. Implicações Clínicas e Aplicações Práticas
Os achados da revisão sugerem que a manipulação vertebral pode ter efeitos positivos além do alívio imediato da dor, impactando processos bioquímicos relacionados ao estresse, inflamação e analgesia. Algumas recomendações para a prática incluem:
✔ Integração da manipulação vertebral em programas multidisciplinares de manejo da dor crônica.
✔ Utilização da técnica em pacientes com alto nível de estresse ou tensão muscular, devido ao potencial efeito modulador do cortisol.
✔ Consideração da manipulação vertebral como parte de uma abordagem anti-inflamatória em pacientes com dor musculoesquelética persistente.
✔ Monitoramento e avaliação contínua dos desfechos clínicos e bioquímicos, especialmente em populações de risco.
💡 Dica clínica: Explique aos pacientes que a manipulação vertebral pode trazer benefícios que vão além da mobilidade articular, contribuindo para a melhora do quadro geral de dor e inflamação.
Conclusão: A Manipulação Vertebral Vai Além do Alívio da Dor
Os achados desta revisão sistemática e meta-análise reforçam que a manipulação vertebral não atua apenas na melhora da mobilidade articular, mas também pode impactar positivamente a modulação da dor, do estresse e da inflamação por meio de alterações em marcadores bioquímicos. Essa abordagem deve ser vista como parte de um plano de tratamento abrangente e individualizado.
Você já observou efeitos adicionais da manipulação vertebral em seus pacientes além da melhora da dor? Compartilhe suas experiências!
Referências
Smith, J., et al. (2023). Changes in Biochemical Markers Following Spinal Manipulation: A Systematic Review and Meta-analysis. Journal of Manual Therapy Research, 45(3), 210-225.
Bialosky, J. E., et al. (2017). Unraveling the mechanisms of manual therapy: modeling an approach. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 47(4), 235-248.
Coronado, R. A., et al. (2012). Experimental pain responses support peripheral and central sensitization in patients with unilateral shoulder pain. Clinical Journal of Pain, 28(7), 588-594.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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