Dor na Perna ou na Lombar? Diferenciando a Hip Spine Syndrome

 O diagnóstico diferencial entre dor lombar e dor irradiada para os membros inferiores é um desafio clínico significativo. O estudo de Browning et al. (2025), "Differentiating Leg and Low Back Pain in Hip Spine Syndrome", publicado no JOSPT Cases, aborda a complexidade do Hip Spine Syndrome e fornece insights para aprimorar a avaliação e o manejo dessa condição.

1. O Que é o Hip Spine Syndrome?

Hip Spine Syndrome refere-se à sobreposição de disfunções da articulação do quadril e da coluna lombar, levando a sintomas que podem ser confundidos com patologias isoladas de uma dessas regiões. As características clínicas incluem:

✔ Dor referida na região lombar e no quadril, dificultando a identificação da origem primária da queixa.
✔ Sintomas irradiados para os membros inferiores, frequentemente confundidos com radiculopatia lombar.
✔ Alterações na mobilidade do quadril e da coluna, com impacto na marcha e na funcionalidade.

💡 Dica clínica: A avaliação criteriosa da mobilidade do quadril e dos testes neurológicos é essencial para diferenciar a fonte da dor.

2. Principais Achados do Estudo

O estudo destaca que:

✔ Pacientes com disfunção lombar primária tendem a apresentar sintomas exacerbados em testes de extensão e flexão lombar.
✔ Pacientes com comprometimento do quadril apresentam maior restrição na rotação interna e na mobilidade da articulação do quadril.
✔ O teste de Faber e o teste de Trendelenburg foram úteis para diferenciar a dor originada no quadril da dor lombar irradiada.
✔ O envolvimento combinado da coluna e do quadril pode gerar respostas atípicas aos testes ortopédicos tradicionais.

💡 Dica clínica: A associação de testes específicos para quadril e coluna melhora a precisão diagnóstica.

3. Implicações para o Tratamento

A abordagem para o Hip Spine Syndrome deve considerar a interação entre a mobilidade lombar e do quadril. O estudo recomenda:

✔ Terapia manual direcionada, combinando técnicas para mobilidade do quadril e estabilização lombar.
✔ Exercícios de fortalecimento e controle motor, priorizando a sinergia entre o core e os estabilizadores do quadril.
✔ Intervenções multimodais, como educação postural e estratégias para reduzir o impacto da sobrecarga mecânica.
✔ Monitoramento da resposta ao tratamento, reavaliando periodicamente a evolução dos sintomas e a mobilidade.

💡 Dica clínica: O tratamento individualizado deve levar em conta a predominância dos sintomas lombares ou do quadril, ajustando a intervenção conforme necessário.

Conclusão: Um Olhar Integrado para Dor Lombar e no Quadril

O estudo de Browning et al. (2025) reforça que a dor lombar e a dor na perna no Hip Spine Syndrome muitas vezes coexistem e precisam de uma abordagem diagnóstica e terapêutica integrada. A avaliação detalhada do movimento e a combinação de testes clínicos são fundamentais para diferenciar a origem da dor e otimizar o tratamento.

Você já teve casos desafiadores envolvendo o Hip Spine Syndrome? Como foi sua abordagem? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Browning, M.D., Li, Y., Kindstrand, N., Lantz, J.M. (2025). Differentiating Leg and Low Back Pain in Hip Spine Syndrome. JOSPT Cases. Advance publication. https://doi.org/10.2519/josptcases.2025.0081

  • Offierski, C. M., & MacNab, I. (1983). Hip-spine syndrome. The Journal of Bone and Joint Surgery, 65(3), 316-321.

  • Domb, B. G., et al. (2013). Hip-spine syndrome: A comprehensive review. The Journal of the American Academy of Orthopaedic Surgeons, 21(8), 511-520.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Controle Motor: A Base Científica que Está Revolucionando a Reabilitação!

Nervo vertebral

O teste de discriminação de dois pontos melhora com o tempo de prática?