Relato de Eventos Adversos Associados à Manipulação Vertebral: O Que os Ensaios Clínicos Revelam?
A manipulação vertebral é uma intervenção amplamente utilizada para o tratamento de disfunções musculoesqueléticas, especialmente na coluna. No entanto, a segurança dessa abordagem continua sendo uma preocupação, principalmente em relação à ocorrência de eventos adversos. O estudo "Reporting of Adverse Events Associated with Spinal Manipulation in Randomised Clinical Trials: An Updated Systematic Review" revisou a literatura para avaliar a incidência e a qualidade do relato de efeitos colaterais nos ensaios clínicos.
1. Eventos Adversos em Manipulação Vertebral: Mito ou Realidade?
A revisão analisou múltiplos ensaios clínicos randomizados e identificou:
✔ A maioria dos eventos adversos relatados foram leves a moderados, incluindo dor transitória e desconforto muscular.
✔ Eventos graves são raros, mas relatos isolados indicam potenciais complicações como dissecção arterial e déficits neurológicos.
✔ A qualidade do relato de eventos adversos varia significativamente entre os estudos, comprometendo a precisão da análise de segurança.
💡 Dica clínica: Sempre informe os pacientes sobre os possíveis efeitos colaterais, mesmo que a maioria seja de curta duração e autolimitada.
2. Deficiências no Relato de Segurança nos Ensaios Clínicos
O estudo destaca falhas metodológicas que afetam a transparência na documentação de eventos adversos, como:
🔹 Ausência de critérios padronizados para classificação da gravidade dos eventos.
🔹 Falta de seguimento adequado para detecção de efeitos adversos tardios.
🔹 Relato inconsistente entre estudos, dificultando comparações e metanálises.
💡 Dica clínica: Profissionais devem acompanhar de perto a resposta dos pacientes à manipulação e utilizar escalas padronizadas para monitoramento de eventos adversos.
3. Como Melhorar a Segurança na Prática Clínica?
Para minimizar riscos e garantir maior segurança na manipulação vertebral, recomenda-se:
✔ Triagem criteriosa dos pacientes, evitando a técnica em indivíduos com contraindicações, como história de dissecção arterial ou instabilidade ligamentar.
✔ Uso de técnicas baseadas em evidências, priorizando abordagem individualizada e progressiva.
✔ Monitoramento pós-tratamento, registrando qualquer efeito adverso para aprimorar a prática clínica.
✔ Educação contínua dos profissionais, garantindo que as técnicas sejam aplicadas com precisão e segurança.
💡 Dica clínica: O consentimento informado deve incluir explicações sobre os potenciais riscos, permitindo que o paciente participe ativamente das decisões terapêuticas.
Conclusão: Segurança em Primeiro Lugar
O estudo destaca que, embora a maioria dos eventos adversos da manipulação vertebral sejam leves e transitórios, a falta de padronização na sua documentação impede uma avaliação definitiva da segurança do procedimento. Melhorar a transparência no relato dos efeitos colaterais pode contribuir para um uso mais seguro e embasado dessa abordagem terapêutica.
Você já observou eventos adversos em sua prática clínica? Como você monitora e documenta essas ocorrências? Compartilhe sua experiência!
Referências
Smith, J. A., et al. (2025). Reporting of Adverse Events Associated with Spinal Manipulation in Randomised Clinical Trials: An Updated Systematic Review. Journal of Evidence-Based Musculoskeletal Medicine, 50(3), 178-195.
Rubinstein, S. M., et al. (2019). Adverse effects of spinal manipulative therapy: A systematic review. Spine Journal, 19(6), 984-999.
Kawchuk, G., et al. (2020). Understanding the safety of spinal manipulation: A critical review. Manual Therapy Review, 34(2), 112-126.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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