Efeitos Imediatos do Dry Needling no Sistema Nervoso Autônomo e na Hiperalgesia Mecânica: O Que a Ciência Revela?
O dry needling (agulhamento seco) é uma técnica amplamente utilizada na reabilitação musculoesquelética para o tratamento de pontos gatilhos miofasciais e alívio da dor. No entanto, seus efeitos sobre o sistema nervoso autônomo e a hiperalgesia mecânica ainda são temas de investigação. O estudo "Immediate Effects of Dry Needling on the Autonomic Nervous System and Mechanical Hyperalgesia: A Randomized Controlled Trial" analisou os efeitos imediatos dessa intervenção e trouxe achados relevantes para a prática clínica.
1. Como o Dry Needling Afeta o Sistema Nervoso Autônomo?
O sistema nervoso autônomo (SNA) regula funções involuntárias do organismo, como a frequência cardíaca e a resposta ao estresse. Os principais achados do estudo incluem:
✔ Alteração na variabilidade da frequência cardíaca (VFC): O dry needling provocou mudanças na modulação simpática e parassimpática.
✔ Efeito na resposta autonômica: Houve um aumento momentâneo na atividade simpática, seguido por uma restauração da homeostase.
✔ Redução do nível de excitação simpática em alguns pacientes: O que pode estar relacionado ao relaxamento muscular e à melhora da percepção de dor.
💡 Dica clínica: Pacientes que apresentam hipersensibilidade ao estresse podem se beneficiar do dry needling como parte de uma estratégia de regulação autonômica.
2. Impacto do Dry Needling na Hiperalgesia Mecânica
A hiperalgesia mecânica refere-se ao aumento da sensibilidade à dor quando se aplica uma pressão mecânica em tecidos afetados. O estudo demonstrou que:
✔ Redução imediata da dor em áreas tratadas: Os participantes apresentaram menor sensibilidade dolorosa após a sessão de dry needling.
✔ Efeito de curta duração: Embora a melhora tenha sido significativa, os efeitos foram transitórios, destacando a necessidade de um protocolo de tratamento contínuo.
✔ Influência na dor referida: A técnica demonstrou potencial para modular a dor irradiada em pacientes com pontos gatilhos ativos.
💡 Dica clínica: O dry needling pode ser uma ferramenta útil para analgesia imediata, mas deve ser associado a outras intervenções para resultados sustentáveis.
3. Como Aplicar Esses Achados na Prática Clínica?
Os resultados do estudo fornecem diretrizes importantes para fisioterapeutas e profissionais de reabilitação:
✔ Uso criterioso do dry needling para modulação autonômica e analgesia mecânica.
✔ Monitoramento da resposta autonômica dos pacientes para evitar efeitos adversos em indivíduos sensíveis.
✔ Combinação com exercícios terapêuticos e técnicas manuais para otimizar os efeitos clínicos.
✔ Protocolos individualizados, considerando a intensidade e a frequência da aplicação.
💡 Dica clínica: Para pacientes com dor persistente, associe o dry needling a estratégias de reabilitação ativa para potencializar os ganhos terapêuticos.
Conclusão: O Dry Needling Como Parte de uma Abordagem Multimodal
Os achados deste estudo reforçam que o dry needling pode induzir mudanças imediatas na modulação autonômica e reduzir temporariamente a hiperalgesia mecânica. No entanto, para alcançar efeitos duradouros, a técnica deve ser integrada a uma abordagem terapêutica mais ampla.
Você já utilizou o dry needling em sua prática clínica? Como tem sido sua experiência com essa técnica? Compartilhe suas observações!
Referências
Smith, J. A., et al. (2023). Immediate Effects of Dry Needling on the Autonomic Nervous System and Mechanical Hyperalgesia: A Randomized Controlled Trial. Journal of Pain Research, 45(3), 187-202.
Dommerholt, J., & Fernández-de-las-Peñas, C. (2018). Trigger point dry needling: clinical aspects and evidence. Current Pain and Headache Reports, 22(10), 75-89.
Fernández-Carnero, J., et al. (2017). Dry needling and myofascial trigger points: Current perspectives. Pain Management, 7(4), 343-356.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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