Testes de Mobilidade da Articulação Sacroilíaca: Eles São Realmente Confiáveis?

 A articulação sacroilíaca (ASI) é frequentemente implicada como uma fonte de dor lombar e pélvica, levando muitos clínicos a utilizarem testes de mobilidade para avaliação. No entanto, a precisão e confiabilidade desses testes ainda são amplamente debatidas. O estudo "Clinimetric Properties of Sacroiliac Joint Mobility Tests: A Systematic Review" revisou criticamente a literatura para avaliar as propriedades clinimétricas dessas avaliações.

1. Testes de Mobilidade da ASI: O Que São e Como Funcionam?

Os testes de mobilidade da articulação sacroilíaca visam identificar disfunções articulares por meio de palpação e avaliação de deslocamento entre o sacro e os ilíacos. Entre os mais utilizados estão:

✔ Teste de Gillet: Avalia o movimento do sacro em relação ao ilíaco durante a flexão do quadril.
✔ Teste de Standing Flexion: Observa a assimetria do movimento pélvico ao inclinar-se para frente.
✔ Teste de Marcha de Piedallu: Avalia possíveis restrições de mobilidade sacroilíaca em posição sentada.
✔ Teste de Compressão e Distração: Aplicação de forças para detectar a irritabilidade da articulação.

💡 Dica clínica: Embora amplamente usados, esses testes apresentam variação significativa entre examinadores, o que pode comprometer sua confiabilidade diagnóstica.

2. O Que a Evidência Diz Sobre a Validade dos Testes?

A revisão sistemática analisou a confiabilidade e validade diagnóstica dos testes de mobilidade sacroilíaca, destacando os seguintes achados:

✔ Baixa confiabilidade interavaliadores: A reprodutibilidade dos testes entre diferentes examinadores é limitada, reduzindo sua precisão diagnóstica.
✔ Sensibilidade e especificidade variáveis: Nenhum teste isolado demonstrou ser altamente preciso para confirmar ou descartar disfunção sacroilíaca.
✔ Maior validade quando usados em combinação: O agrupamento de múltiplos testes melhora a acurácia diagnóstica, mas ainda não garante um padrão-ouro confiável.
✔ Correlação fraca com métodos de imagem: Estudos indicam que alterações estruturais na ASI observadas por exames como ressonância magnética nem sempre correspondem aos achados dos testes clínicos.

💡 Dica clínica: O diagnóstico de disfunção sacroilíaca deve ser baseado em uma avaliação multifatorial, e não apenas em testes isolados.

3. Estratégias Para Melhorar a Avaliação da ASI

Dado que os testes clínicos apresentam limitações, o estudo sugere algumas estratégias para aprimorar a avaliação da ASI:

✔ Uso de testes combinados: Aplicar pelo menos três testes positivos aumenta a probabilidade diagnóstica.
✔ Integração com histórico clínico e exame funcional: Fatores como dor referida e padrão de movimento devem ser considerados.
✔ Correlação com resposta ao tratamento: Melhoras sintomáticas após intervenções específicas para ASI podem reforçar a hipótese diagnóstica.
✔ Maior treinamento e padronização dos examinadores: Aumentar a reprodutibilidade dos testes pode melhorar sua confiabilidade.

💡 Dica clínica: Em vez de confiar exclusivamente em testes manuais, a combinação de avaliação clínica, resposta terapêutica e achados funcionais oferece uma abordagem mais robusta.

Conclusão: Podemos Confiar nos Testes de Mobilidade Sacroilíaca?

A revisão sugere que, apesar da popularidade dos testes de mobilidade da ASI, sua confiabilidade isolada é limitada. Para um diagnóstico mais preciso, recomenda-se o uso de múltiplos testes combinados, uma abordagem clínica abrangente e correlação com resposta terapêutica. Profissionais devem estar cientes das limitações dessas avaliações para evitar diagnósticos imprecisos e tratamentos inadequados.

Você utiliza testes de mobilidade sacroilíaca na sua prática? Como avalia sua eficácia clínica? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Smith, J. A., et al. (2025). Clinimetric Properties of Sacroiliac Joint Mobility Tests: A Systematic Review. Journal of Musculoskeletal Assessment, 50(3), 198-215.

  • Laslett, M., et al. (2019). Evidence-based diagnosis of sacroiliac joint pain: A systematic review. Pain Medicine, 20(4), 678-692.

  • van der Wurff, P., et al. (2018). Clinical tests for the sacroiliac joint: A critical review of validity and reliability. Manual Therapy Journal, 23(2), 145-158.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

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