Sistema Nervoso Autonômico: novas perspectivas na reabilitação
A relação entre o sistema nervoso autonômico e técnicas de terapia manual tem ganhado destaque na literatura científica. Entre essas abordagens, o V-spread — especialmente em sua versão modificada aplicada na sutura occipitomastóidea — vem sendo investigado por seus potenciais efeitos sobre os ramos simpático e parassimpático. O artigo "Autonomic Rehabilitation: Vagal and Sympathetic Impacts of Modified Occipitomastoid Suture V-spread" propõe uma análise aprofundada dos mecanismos autonômicos envolvidos e suas possíveis aplicações clínicas.
1. V-Spread e Sutura Occipitomastóidea: Fundamentos Anatômicos e Funcionais
A técnica de V-spread consiste na aplicação de uma força manual suave sobre a região de uma sutura craniana, com o objetivo de estimular a liberação das tensões e promover equilíbrio das forças mecânicas locais. A sutura occipitomastóidea, onde o osso occipital encontra o osso temporal, está próxima de estruturas neurológicas relevantes:
✔ Nervo vago (par craniano X): Envolvido no tônus parassimpático, modulando funções digestivas, cardiovasculares e imunológicas.
✔ Gânglio cervical superior: Parte do sistema simpático, que influencia pressão arterial, pupilas e resposta ao estresse.
✔ Seio sigmoide e forame jugular: Áreas de drenagem venosa e tráfego neural intensivo.
💡 Dica clínica: A escolha da sutura occipitomastóidea se justifica por sua relevância neuroanatômica no equilíbrio autonômico.
2. Resultados do Estudo: Efeitos Sobre o Sistema Nervoso Autonômico
O estudo avaliou os efeitos do V-spread modificado por meio de medidas como variabilidade da frequência cardíaca (HRV), condutância da pele e pressão arterial. Os achados foram:
🔹 Aumento da atividade vagal (parassimpática): Sugerido por elevação da HRV em parâmetros de alta frequência (HF).
🔹 Redução da atividade simpática: Indicada por diminuição da condutância eletrodérmica e estabilização da frequência cardíaca.
🔹 Melhora na sensação de bem-estar e relaxamento relatada pelos participantes.
Esses resultados reforçam o potencial da técnica como moduladora do eixo autonômico, com aplicações clínicas em condições como ansiedade, dor crônica e disfunções viscerais.
💡 Dica clínica: Técnicas manuais que influenciam o sistema autonômico podem ser valiosas como coadjuvantes em programas de reabilitação integrativa.
3. Aplicações Clínicas e Considerações Terapêuticas
Com base nos achados, o V-spread modificado pode ser considerado como ferramenta de modulação autonômica em diferentes contextos terapêuticos:
✔ Pacientes com desequilíbrio autonômico: Hipervigilância, insônia, taquicardia e disfunções digestivas.
✔ Estados de dor persistente com componente simpático exacerbado.
✔ Integração em estratégias de autorregulação, como técnicas respiratórias e mindfulness.
Entretanto, o artigo também destaca a necessidade de mais estudos com amostras maiores, uso de grupos controle e investigação de efeitos de longo prazo.
💡 Dica clínica: A técnica deve ser aplicada com conhecimento preciso da anatomia craniana e respeitando a tolerância e resposta do paciente.
Conclusão: V-Spread como Ferramenta de Reabilitação Autonômica
O estudo evidencia que o V-spread modificado na sutura occipitomastóidea pode ter impactos positivos na modulação do sistema nervoso autonômico, favorecendo estados de relaxamento e reduzindo a hiperatividade simpática. Embora ainda seja necessário aprofundar a base científica, os resultados iniciais são promissores e abrem espaço para sua utilização em contextos clínicos complexos.
Você já utilizou técnicas com foco no sistema autonômico em sua prática? Como seus pacientes responderam? Compartilhe sua experiência!
Referência
Smith, J. A., et al. (2025). Autonomic Rehabilitation: Vagal and Sympathetic Impacts of Modified Occipitomastoid Suture V-spread. Journal of Cranial Manual Therapy, 50(2), 145–160.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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