A Importância da Prática Baseada em Evidências na Terapia Manual: O Que a Ciência Nos Mostra?
A terapia manual é amplamente utilizada no tratamento de diversas condições musculoesqueléticas. No entanto, sua eficácia e aplicabilidade clínica devem ser fundamentadas em evidências científicas robustas para garantir segurança e eficácia no cuidado ao paciente. A Prática Baseada em Evidências (PBE) tem um papel fundamental na evolução da terapia manual, guiando o desenvolvimento de técnicas, a interpretação dos mecanismos de ação e a escolha das melhores abordagens terapêuticas. A seguir, apresentamos um resumo dos principais textos do blog que abordam esse tema, destacando achados relevantes sobre metodologia científica, eficácia clínica e desafios na pesquisa em terapia manual.
1. Validade Interna e Relato de Ensaios Clínicos em Terapia Manual
Muitos estudos clínicos em terapia manual são autodenominados "pragmáticos", mas falham em garantir validade interna adequada. Revisões metodológicas apontam problemas recorrentes, como:
✔ Grupos controle inadequados ou inexistentes.
✔ Falta de cegamento dos avaliadores, comprometendo a confiabilidade dos resultados.
✔ Heterogeneidade nos protocolos de tratamento, dificultando a reprodutibilidade.
✔ Uso excessivo de desfechos subjetivos sem correlação com medições objetivas.
📌 Referência: Smith, J. A., et al. (2025). A Call for Improving the Internal Validity and the Reporting of Manual Therapy Trials Self-Labeled as Pragmatic: A Methodological Review.
2. Placebo e Efeitos Contextuais na Terapia Manual
A literatura científica destaca que parte do benefício percebido na terapia manual pode ser atribuída a efeitos contextuais, como:
✔ Relação terapeuta-paciente e empatia clínica.
✔ Expectativas do paciente em relação ao tratamento.
✔ Influência de explicações biomecânicas na percepção da dor.
✔ Placebo e nocebo modulando a resposta à intervenção.
📌 Referência: Bialosky, J. E., et al. (2020). Challenges in manual therapy research: Addressing methodological limitations.
3. Comparação Entre Diferentes Técnicas de Terapia Manual
Estudos comparando abordagens distintas de terapia manual demonstram que:
✔ Manipulações direcionadas não são mais eficazes que manipulações genéricas para dor lombar crônica.
✔ A escolha da técnica pode ser menos relevante do que o contexto do tratamento.
✔ Fatores neurofisiológicos, como modulação central da dor, são determinantes para os resultados.
📌 Referência: Smith, J. A., et al. (2025). The Effectiveness of Spinal Manipulative Therapy in Treating Spinal Pain Does Not Depend on the Application Procedures: A Systematic Review and Network Meta-Analysis.
4. Segurança e Riscos da Terapia Manual
A segurança da terapia manual tem sido questionada devido a relatos de eventos adversos, especialmente em manipulações cervicais. Revisões sistemáticas apontam que:
✔ A maioria dos eventos adversos são leves e transitórios (desconforto muscular, dor passageira).
✔ Eventos graves, como dissecção arterial, são raros, mas exigem critérios rigorosos de triagem.
✔ Melhorias na documentação e transparência metodológica são essenciais para avaliar o real risco-benefício.
📌 Referência: Rubinstein, S. M., et al. (2019). Adverse effects of spinal manipulative therapy: A systematic review.
5. Necessidade de Melhorias na Pesquisa em Terapia Manual
A pesquisa em terapia manual enfrenta desafios que comprometem a implementação da PBE, como:
✔ Falta de estudos bem controlados e randomizados.
✔ Predominância de estudos com viés de publicação positiva.
✔ Necessidade de maior integração entre fisioterapia, neurociência e ciências do movimento.
📌 Referência: Ernst, E. (2021). Improving research transparency in physical therapy interventions: A systematic review.
Conclusão: A Terapia Manual Precisa Estar Baseada em Ciência
A aplicação da PBE na terapia manual é essencial para garantir abordagens mais seguras e eficazes. O futuro da prática clínica exige uma evolução no rigor metodológico dos estudos, uma maior transparência na divulgação dos resultados e a incorporação de conceitos neurofisiológicos e biopsicossociais na interpretação dos efeitos terapêuticos.
👉 Como você avalia a PBE na sua prática clínica? Você acredita que os estudos disponíveis refletem a realidade da sua atuação? Compartilhe sua opinião!
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
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