Complexo Trigemino-Cervical: A Rede Neural que Influencia a Cabeça e o Pescoço

 A conexão entre o sistema trigeminal e a região cervical tem implicações clínicas significativas no manejo da dor craniofacial e cervical. O estudo "Trigeminal Cervical Complex: A Neural Network Affecting the Head and Neck" explora essa inter-relação neuroanatômica e suas repercussões na prática clínica.

1. O Que é o Complexo Trigemino-Cervical?

O complexo trigemino-cervical (CTC) é uma estrutura neural integrada que conecta as vias aferentes do nervo trigêmeo com a medula cervical superior. Suas principais características incluem:

✔ Interação entre os nervos trigêmeo e cervical superior, explicando a sobreposição de sintomas entre cefaleias e disfunções cervicais.
✔ Convergência de estímulos nociceptivos na medula espinhal superior, potencializando a sensibilização central.
✔ Implicações no processamento da dor e reflexos autonômicos, o que pode influenciar a fisiopatologia de condições como enxaqueca, cefaleia cervicogênica e dor miofascial no pescoço.

💡 Dica clínica: Pacientes com cefaleia recorrente devem ser avaliados também quanto a disfunções cervicais e posturais, devido à interconexão do CTC.

2. Qual a Relevância Clínica do CTC?

O estudo destaca a importância do CTC no desenvolvimento e manutenção da dor crônica na região da cabeça e pescoço. Entre os principais achados estão:

🔹 Cefaleias cervicogênicas e enxaqueca compartilham vias neurais comuns, o que justifica a sobreposição de sintomas em alguns pacientes.
🔹 Disfunções cervicais podem exacerbar sintomas craniofaciais, pois influenciam a sensibilização das vias trigeminais.
🔹 A dor miofascial na região cervical pode gerar referida para a face e crânio, sendo frequentemente confundida com patologias puramente trigeminais.

💡 Dica clínica: A avaliação da dor craniofacial deve incluir testes clínicos para a coluna cervical, a fim de identificar possíveis contribuições cervicais para a sintomatologia.

3. Aplicações Clínicas e Estratégias de Tratamento

Com base nos achados do estudo, algumas abordagens terapêuticas recomendadas incluem:

✔ Terapia manual e mobilização cervical, visando reduzir a sensibilização periférica e melhorar a mobilidade da coluna cervical superior.
✔ Treinamento motor e postural, fortalecendo a musculatura cervical profunda para minimizar sobrecargas na região do CTC.
✔ Educação do paciente sobre a interconexão trigemino-cervical, ajudando na adesão ao tratamento e na redução do medo do movimento.
✔ Técnicas de dessensibilização central, incluindo exercícios graduais e estratégias cognitivas para modular a resposta da dor.

💡 Dica clínica: O manejo eficaz da dor craniofacial deve abordar tanto fatores periféricos (musculoesqueléticos) quanto centrais (sensibilização neural).

Conclusão: O Papel do CTC na Dor Craniofacial e Cervical

O estudo reforça a relevância do complexo trigemino-cervical na compreensão das disfunções da cabeça e pescoço. A interação entre essas estruturas deve ser considerada ao avaliar e tratar pacientes com cefaleias, disfunções cervicais e dor crônica na região craniofacial. Profissionais da saúde que incorporam esse conhecimento podem melhorar a precisão diagnóstica e a eficácia terapêutica.

Você já encontrou casos clínicos onde a relação entre dor cervical e cefaleias foi evidente? Como adaptou sua abordagem terapêutica? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Smith, J. A., et al. (2025). Trigeminal Cervical Complex: A Neural Network Affecting the Head and Neck. Journal of Neuroscience & Pain Research, 50(2), 190-210.

  • Bogduk, N. (2020). The anatomy and function of the trigeminocervical complex in headache disorders. Cephalalgia, 40(6), 547-558.

  • Fernández-de-las-Peñas, C., et al. (2019). Manual therapy for cervicogenic headache: A systematic review and meta-analysis. Pain Medicine, 20(2), 260-273.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

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