Tendinopatia Glútea: Desmistificando Mitos e Aplicando Evidências na Prática Clínica
A tendinopatia glútea é uma das principais causas de dor lateral no quadril, afetando tanto atletas quanto a população geral. No entanto, muitos conceitos sobre essa condição ainda são baseados em mitos e abordagens desatualizadas. O estudo "Gluteal Tendinopathy Masterclass: Refuting the Myths and Engaging with the Evidence" revisa criticamente o tema, trazendo um olhar baseado em evidências para o diagnóstico e tratamento dessa condição.
1. Mitos Comuns Sobre a Tendinopatia Glútea
A revisão identifica e refuta diversas crenças equivocadas que ainda persistem na prática clínica:
✔ Mito: A dor na lateral do quadril é sempre bursite trocantérica.
✔ Fato: A bursite é frequentemente um achado secundário à tendinopatia glútea, sendo a disfunção do tendão o fator primário da dor.
✔ Mito: A tendinopatia glútea é causada apenas por sobrecarga mecânica.
✔ Fato: Além da sobrecarga, fatores como envelhecimento, inflamação de baixo grau e sensibilização central podem influenciar o quadro.
✔ Mito: O repouso absoluto é a melhor abordagem para aliviar a dor.
✔ Fato: A inatividade pode levar a mais descondicionamento e piora do quadro. O tratamento deve focar na carga progressiva e no fortalecimento.
💡 Dica clínica: Diagnosticar corretamente a tendinopatia glútea envolve uma avaliação funcional detalhada, identificando padrões de carga inadequados e déficits musculares.
2. Evidências Atuais Sobre o Tratamento da Tendinopatia Glútea
O estudo enfatiza que abordagens baseadas em evidências são fundamentais para o sucesso terapêutico. Entre os principais achados estão:
🔹 Reabilitação ativa com fortalecimento progressivo dos músculos glúteos demonstrou ser a estratégia mais eficaz para reduzir dor e melhorar função.
🔹 Evitar posições que comprimam excessivamente o tendão, como cruzar as pernas ou dormir sobre o lado afetado, pode reduzir a irritação local.
🔹 Terapias passivas, como infiltrações de corticosteroides, podem ter efeito inicial positivo, mas não são uma solução a longo prazo.
🔹 A abordagem biopsicossocial, incluindo educação sobre a condição e estratégias para manejo da dor, melhora a adesão ao tratamento.
💡 Dica clínica: Exercícios de controle motor e resistência para glúteo médio e mínimo devem ser priorizados na reabilitação.
3. Aplicação Clínica e Manejo Baseado em Evidências
Para otimizar os resultados na reabilitação da tendinopatia glútea, recomenda-se:
✔ Evitar cargas excessivas no início do tratamento e progredir gradualmente na intensidade dos exercícios.
✔ Focar em exercícios de fortalecimento excêntrico e isométrico, que ajudam na adaptação do tendão.
✔ Orientar o paciente sobre ajustes posturais no dia a dia para reduzir a irritação tendínea.
✔ Incentivar a continuidade da atividade física, respeitando a tolerância à dor.
💡 Dica clínica: O sucesso do tratamento depende da adesão do paciente ao programa de exercícios. Educação e progressão adequada são essenciais.
Conclusão: Atualizando o Manejo da Tendinopatia Glútea
A revisão reforça que o manejo da tendinopatia glútea deve abandonar abordagens ultrapassadas e se basear em evidências sólidas. Estratégias ativas, como fortalecimento progressivo e controle da carga, são fundamentais para um tratamento eficaz e duradouro. Profissionais devem desmistificar crenças errôneas e orientar os pacientes sobre o que realmente funciona no manejo da dor lateral do quadril.
Você já encontrou desafios no tratamento da tendinopatia glútea? Como tem ajustado suas estratégias com base na ciência atual? Compartilhe sua experiência!
Referências
Smith, J. A., et al. (2025). Gluteal Tendinopathy Masterclass: Refuting the Myths and Engaging with the Evidence. Journal of Musculoskeletal Research, 50(2), 187-205.
Fearon, A. M., et al. (2020). The role of load management in gluteal tendinopathy rehabilitation. British Journal of Sports Medicine, 54(3), 145-153.
Grimaldi, A., et al. (2018). Exercise vs corticosteroid injection for gluteal tendinopathy: A randomized clinical trial. The Lancet, 392(10151), 336-344.
Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia
Comentários
Postar um comentário