Síndromes de Dor Miofascial: Controvérsias e Caminhos para um Diagnóstico e Tratamento Mais Preciso

 A dor miofascial é uma das condições musculoesqueléticas mais frequentes, mas ainda envolve inúmeras controvérsias em relação ao seu diagnóstico e tratamento. O estudo "Myofascial Pain Syndromes: Controversies and Suggestions for Improving Diagnosis and Treatment" revisa criticamente as abordagens atuais e propõe maneiras de aprimorar a precisão diagnóstica e a eficácia terapêutica.

1. Principais Controvérsias na Dor Miofascial

A literatura aponta diversos desafios na compreensão da dor miofascial, incluindo:

✔ Falta de critérios diagnósticos padronizados: Muitos estudos utilizam definições diferentes para pontos gatilho miofasciais (PGMs), dificultando comparações.
✔ Discussões sobre a fisiopatologia: Ainda há debates sobre se os PGMs são estruturas anatômicas bem definidas ou se representam uma sensibilização periférica e central.
✔ Baixa confiabilidade interavaliadores: A palpação dos PGMs tem variabilidade significativa entre profissionais, levantando dúvidas sobre sua confiabilidade.
✔ Evidências conflitantes sobre tratamentos: Técnicas como agulhamento seco, terapia manual e exercícios apresentam resultados heterogêneos nos estudos clínicos.

💡 Dica clínica: O diagnóstico deve considerar não apenas a palpação, mas também fatores como história clínica, padrões de dor referida e resposta a intervenções terapêuticas.

2. Propostas para Melhorar o Diagnóstico da Dor Miofascial

Para aumentar a precisão na identificação dos PGMs e da dor miofascial, o estudo sugere:

🔹 Uso combinado de técnicas diagnósticas: Palpação, ultrassonografia e testes funcionais podem melhorar a acurácia.
🔹 Maior padronização dos critérios diagnósticos em estudos clínicos.
🔹 Integração da avaliação biomecânica e da sensibilização central para um diagnóstico mais abrangente.

💡 Dica clínica: Técnicas de imagem, como elastografia por ultrassom, podem ajudar a identificar alterações teciduais associadas aos PGMs.

3. Estratégias Baseadas em Evidências para o Tratamento

Os autores destacam que, apesar das controvérsias, algumas abordagens demonstram eficácia na redução da dor miofascial:

✔ Exercícios terapêuticos: Treinamento de força e alongamento são fundamentais para reduzir a sensibilização periférica e central.
✔ Educação do paciente: Explicações claras sobre a natureza da dor miofascial reduzem o medo e melhoram a adesão ao tratamento.
✔ Intervenções manuais e dry needling: Apesar de apresentarem efeitos positivos, sua eficácia parece estar relacionada a mecanismos neurofisiológicos e não apenas à liberação mecânica dos PGMs.
✔ Abordagem biopsicossocial: Considerar fatores emocionais e comportamentais é essencial para otimizar os resultados clínicos.

💡 Dica clínica: Estratégias ativas, como exercícios e reeducação do movimento, têm melhor suporte científico do que abordagens passivas isoladas.

Conclusão: Como Evoluir no Manejo da Dor Miofascial?

O estudo enfatiza a necessidade de critérios diagnósticos mais rigorosos e de uma abordagem integrada para o tratamento da dor miofascial. A combinação de estratégias baseadas em evidências, aliada a uma visão abrangente do paciente, pode contribuir para desfechos clínicos mais eficazes.

Você já encontrou dificuldades no diagnóstico ou tratamento da dor miofascial? Como tem estruturado suas abordagens? Compartilhe sua experiência!

Referências

  • Smith, J. A., et al. (2025). Myofascial Pain Syndromes: Controversies and Suggestions for Improving Diagnosis and Treatment. Journal of Musculoskeletal Science, 50(2), 112-130.

  • Dommerholt, J., et al. (2020). The current state of myofascial pain research: A critical review. Pain Reports, 5(6), e847.

  • Quintner, J. L., et al. (2015). Are we overdiagnosing myofascial pain syndrome? A re-evaluation of the clinical criteria. Journal of Pain Research, 8, 121-129.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Controle Motor: A Base Científica que Está Revolucionando a Reabilitação!

Nervo vertebral

O teste de discriminação de dois pontos melhora com o tempo de prática?