A Osteopatia no pós parto, um ensaio clínico de muitos que precisamos!
Muitas pesquisas têm sido realizadas sobre tratamentos
convencionais para pacientes com dor pós-parto, incluindo medicamentoso com
anti-inflamatórios não esteróides (AINE), opióides, e compressas de gelo ou
quentes.
Atualmente, os AINE são mais comumente
utilizados para o controle da dor pós-parto não específica, e compressas frias
parecem ajudar com a dor pós-parto perineal no entanto, essas modalidades são
muitas vezes não são suficientes para eliminar a dor e o desconforto, que muitas
vezes continua a causar sofrimento significativo.
Por causa das mudanças anatômicas
que ocorrem durante a gravidez e o parto, parece que o tratamento osteopático
manipulativo (OMT) seria uma modalidade adjuvante eficaz para o tratamento dessas
pacientes. Com o parto vaginal, alterações estruturais ósseas combinados com
frouxidão ligamentar tornam as mulheres particularmente propensas a disfunções
sacroilíacas, o que pode causar graves desconfortos. No caso das mulheres que
tiveram cesariana temos as complicações da uma grande cirurgia abdominal ou
seja, alterações no sistema pressórico de pelve e abdômen e a cicatrização que
futuramente irá formar aderências e restrições de mobilidade de tecido
conjuntivo.
Aos fatores predisponentes à
disfunção somática em todos os pacientes no pós-parto incluem alterações
posturais e estresse emocional, que coletivamente levam a irritabilidade dos
músculos e aumento da dor. Muitas técnicas OMT são capazes de ajudar a relaxar
músculos contraídos, aliviar a dor nas articulações e aliviar a tensão ligamentar,
reduzindo, assim, o quadro álgico.
A dor é uma das queixas mais
comuns no pós-parto por mulheres nos Estados Unidos, e a dor varia em sua
localização. A pesquisa sobre estratégias de intervenção para a dor pós-parto
tem focado principalmente na parte inferior das costas, a famosa lombalgia, mas
o manejo da dor para outros tipos de dor pós-parto permanece obscuro.
O estudo investigou os efeitos do
tratamento osteopático manipulativo (OMT) sobre a dor pós-parto em dois grupos
de mulheres, as que se submeteram ao parto normal e a cesárea (procedimento
cirúrgico). Os parâmetros avaliados foram a localização, qualidade e tempo de
dor; e a diferença de dor entre parto normal e cesariana.
Um total de 75 a 80 pacientes
foram recrutadas e a partir daí, 59 mulheres foram selecionadas, correspondiam
aos critérios de inclusão e assinaram o termo de consentimento para participarem
do estudo. Todas relataram ter dor e todas eram do Hospital St Barnabas no
Bronx, Nova Iorque, EUA.
A Short-Form McGill Pain
Questionnaire foi administrado juntamente com um questionário de triagem. Seis
estudantes do segundo ou terceiro ano residentes em medicina neuromusculosqueelética
e de medicina osteopática examinaram os pacientes e, em seguida, foi realizado
o tratamento manipulativo osteopático por 20 a 30 minutos. Um ponto muito
interessante do estudo foi que no artigo os autores mencionam que o tratamento
osteopático objetivou encontrar as disfunções somáticas de todo o corpo e tratá
las com técnicas manipulativas osteopáticas.
Os parâmetros avaliados foram
coletados antes e depois do procedimento e o trabalho realizou um cálculo
estatístico de duas formas: testes t e McNemar para as variáveis contínuas e
categóricas e teste de Pearson para a Escala Visual Analógica de Dor (VAS). Os
grupos comparados foram o grupo que realizou cesárea e o grupo que realizou
parto vaginal.
Um total de
59 pacientes foram incluídos no estudo. A pontuação média VAS para dor foi de
5,0 antes da OMT e 2,9 após a OMT (P <.001) nos dois grupos.
As pontuações VAS antes da OMT
diferiram significativamente entre os pacientes que tiveram um parto vaginal e
aqueles que tiveram uma cesariana (P <.001), mas a diminuição média na
pontuação VAS foi semelhante nos dois grupos. Isso mostra um ponto a favor do
parto vaginal em relação a cesárea porém, ainda precisamos de mais estudos para
tal afirmação.
Diminuições na dor lombar (34 [57,6%] antes e
16 [27,1%] após OMT), dor abdominal (32 [54,2%] antes e 22 [37,3%] após OMT), e
dor vaginal (11 [18,6%] antes e 5 [8,5%] após OMT) foram relatados após a OMT
(P <.05).
A falta de um grupo controle
impede a capacidade de fazer afirmações causais e esse foi um grande pecado
desse estudo e foi relatado pelos autores como uma das limitações.
Deve se lembrar que os dados de
pesquisa auto-relatados têm limitações. A precisão e confiabilidade do paciente
é muitas vezes duvidosa. Ao estudar a dor, no entanto, é quase impossível usar
medidas objetivas porque a experiência de dor em si é subjetiva.
O viés de auto-relato foi
provavelmente reduzido consideravelmente pelo uso de registros médicos dos
pacientes para verificar a dados demográficos e tratamento médico no momento do
tratamento. Por estas razões, possíveis imprecisões nas respostas da pesquisa
foram minimizados.
Os resultados preliminares
demonstram que a OMT é eficaz no tratamento da dor pós-parto.
E como devem ter percebido,
muitos outros estudos devem ser conduzidos, especialmente com grupo controle,
para podermos determinar os efeitos da
atuação da Osteopatia e recomendada para os quadros álgicos pós parto!
Por Leonardo Nascimento
Bibliografia
Hastings V, McCallister AM, Curtis SA, Valant RJ, Yao S. Efficacy
of Osteopathic Manipulative Treatment for Management of Postpartum Pain. J Am
Osteopath Assoc. 2016 Aug 1;116(8):502-9.
Comentários
Postar um comentário