O teste de discriminação de dois pontos melhora com o tempo de prática?
Um método clássico
de determinação da sensibilidade tátil funcional é o teste de
discriminação de dois pontos (DDP), realizado com um instrumento rígido de
pontas arranjadas em pares em diferentes distâncias para serem levemente pressionadas
sobre a região avaliada.
O teste de DDP é frequentemente realizado junto com os testes de monofilamentos e de percepção de vibração e está incluído em alguns protocolos de avaliação da sensibilidade cutânea. Dentre essas três metodologias, a de DDP é a única que apresenta aparato de fácil utilização clínica e baixo custo.
Durante o teste de DDP, o sujeito avaliado tenta determinar se uma ou duas pontas tocam a região pressionada. Quanto menor a distância detectada entre duas pontas, maior a densidade de inervação de fibras de adaptação lenta e de receptores cutâneos funcionalmente presentes. O teste é um dos mais utilizados para avaliar a sensibilidade da mão após cirurgias e intervenções ortopédicas, e seus resultados têm sido relacionados à habilidade de realização de tarefas motoras porém, quando falamos de terapias manuais, osteopatiae quiropraxia será que esse teste pode gerar diferenças entre estudantes e formados ou apresentar alguma diferença ao longo da formação em forma de curva de aprendizagem?
Existem algumas controvérsias sobre a reprodutibilidade do teste de DDP devido à carência de padronização da pressão aplicada durante o teste. Uma forma de contornar esse problema é aplicar uma força muito leve no discriminador durante o teste (10 g a 15 g), a qual corresponde à força produzida pelo próprio peso do discriminador. Além disso, é importante que a pressão das duas pontas seja aplicada de forma simultânea, pois pequenas diferenças no tempo de aplicação podem gerar resultados distintos na percepção.
Existem estudos sobre a reprodutibilidade do teste de DDP em membros superiores, os quais indicam resultados, um dos estudos reportou que o teste de DDP não apresenta resultados confiáveis em indivíduos saudáveis, que é a nossa população de interesse 1.
O teste de DDP é frequentemente realizado junto com os testes de monofilamentos e de percepção de vibração e está incluído em alguns protocolos de avaliação da sensibilidade cutânea. Dentre essas três metodologias, a de DDP é a única que apresenta aparato de fácil utilização clínica e baixo custo.
Durante o teste de DDP, o sujeito avaliado tenta determinar se uma ou duas pontas tocam a região pressionada. Quanto menor a distância detectada entre duas pontas, maior a densidade de inervação de fibras de adaptação lenta e de receptores cutâneos funcionalmente presentes. O teste é um dos mais utilizados para avaliar a sensibilidade da mão após cirurgias e intervenções ortopédicas, e seus resultados têm sido relacionados à habilidade de realização de tarefas motoras porém, quando falamos de terapias manuais, osteopatiae quiropraxia será que esse teste pode gerar diferenças entre estudantes e formados ou apresentar alguma diferença ao longo da formação em forma de curva de aprendizagem?
Existem algumas controvérsias sobre a reprodutibilidade do teste de DDP devido à carência de padronização da pressão aplicada durante o teste. Uma forma de contornar esse problema é aplicar uma força muito leve no discriminador durante o teste (10 g a 15 g), a qual corresponde à força produzida pelo próprio peso do discriminador. Além disso, é importante que a pressão das duas pontas seja aplicada de forma simultânea, pois pequenas diferenças no tempo de aplicação podem gerar resultados distintos na percepção.
Existem estudos sobre a reprodutibilidade do teste de DDP em membros superiores, os quais indicam resultados, um dos estudos reportou que o teste de DDP não apresenta resultados confiáveis em indivíduos saudáveis, que é a nossa população de interesse 1.
Alguns estudos foram realizado
desde 2002 para veriricar diferenças entre a acuidade tátil dos dedos medidos
em diferentes estágios em um curso de treinamento de quiropraxia.
Em um primeiro estudo de
Chandhok et al, 2002, o autor descreve que os limiares de discriminação em dois
pontos (DDP) para a pele dos dedos índice dominantes e não dominantes e o
antebraço dominante foram medidos em 74 indivíduos retirados dos 5 anos de um
curso de quiropraxia. As medições foram feitas com calibradores de engenharia
eletrônica modificados montados em um braço de alavanca, o que permitiu que os
pontos baixassem sobre a pele com uma pressão constante (que foi um ponto
levantado como fator limitante e muito bem neutralizado pelo autor).
Os alunos nos anos 4 e 5 do
curso apresentaram valores-limite médios significativamente menores de DDP (P
<0,05 mm) e os dedos índices dominantes (ano 5: 1,39 +/- 0,06 mm) e não
dominantes (1,50 +/- 0,08 mm) em comparação com os alunos no ano 1 (média
dominante, 1,66 +/- 0,09 mm, média não-dominante, 1,80 +/- 0,10 mm).
Não houve diferença significativa
entre os limiares de DDP medidos no antebraço de qualquer um dos grupos. Quando
os dados de todos os 5 anos foram agrupados, os limites de DDP para o dedo
indicador dominante (média 1,52 +/- 0,035 mm) foram significativamente menores
(P <.0001) do que para o não-dominante dedo (significa 1,65 +/- 0,038 mm, n
= 74).
Um outro estudo de Foster et al,
2004iInvestigou as diferenças na discriminação cutânea de 2 pontos e
sensibilidade palpatória em diferentes estágios em um curso de treinamento de
quiropraxia e em profissionais de quiropraxia formados.
Foram medidos em 102 indivíduos tomados do
primeiro e último ano de um curso de quiropraxia (estudantes do primeiro
(controle) e do quinto ano) e quiropatas formados. As medidas de discriminação
em dois pontos foram obtidas aplicando compassos de calibre de engenharia
eletrônica modificados montados em um braço de alavanca, o que permitiu que os
pontos fossem baixados sobre a pele a uma taxa e pressão constantes
(novamente!).
Observou-se uma redução estatisticamente
significativa nos limiares de discriminação de 2 pontos entre estudantes de
quiropraxia de primeiro ano (grupo de controle) e quinto ano (P <0,001), mas
não entre o grupo do quinto ano e os formados.
Observou-se um aumento progressivo na
sensibilidade palpatória – curva de aprendizagem e uma diferença significativa
no limiar palpatório também foi encontrada entre estudantes de primeiro ano e
quiropráticos (P <0,05).
O último estudo que falou desse tema foi o de
Dane et al, 2017 que teve como objetivo investigar se houve diferenças na
discriminação em dois pontos (DDP) dos dedos entre os alunos em diferentes
estágios de um programa de formação em quiropraxia.
Este estudo mediu os limiares de DDP para o
dedo indicador dominante e não dominante e o antebraço dominante e não
dominante ( o antebraço foi utilizado como ferramenta de normalização ou seja,
não recebeu treinamento no período) em grupos de estudantes em um programa de
quiropraxia de 4 anos na Universidade Médica Internacional em Kuala Lumpur,
Malásia.
As medições foram feitas usando compassos de
calibre digitais montados em uma balança modificada (novamente igualando a
pressão exercida). Foram feitas comparações grupais entre estudantes para cada
ano do programa (anos 1, 2, 3 e 4).
O limite médio de DDP do dedo indicador foi
maior nos alunos que estavam nos grupos mais avançados. Os valores médios
dominantes para o ano 1 foram 2,93 ± 0,04 mm e 1,69 ± 0,02 mm no ano 4. Houve
diferenças significativas nos locais de dedo (P <0,05) entre os grupos de
todo o ano em relação ao ano 1.
Não houve diferenças significativas medidas no
antebraço dominante entre grupos de qualquer ano (P = 0,08). Os dedos
não-dominantes dos grupos de ano 1, 2 e 4 apresentaram melhor DDP em comparação
com o dedo dominante.
Houve diferença significativa (P = 0,005) entre
os dedos não-dominantes (1,93 ± 1,15) e dominantes (2,27 ± 1,14) quando todos
os grupos foram combinados (n = 104).
Os resultados demonstram que a
acuidade tátil dos alunos nos últimos anos do curso é maior que a dos alunos no
primeiro ano. Isso pode ser o resultado do treinamento intensivo em técnicas
palpatórias que os alunos recebem durante o curso.
O segundo estudo afirma que essas investigações
apoiam a pesquisa anterior de que a discriminação em 2 pontos melhorou através
do programa de treinamento de quiropraxia, mas que isso não parece ser retido
após formados ou seja, depois de formar não se treina mais a palpação.
Por Leonardo Nascimento, Ft Msc DO
Fisioterapeuta
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela
UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation
Osteopaths)
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no
Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Bibliografia
1. Rozental TD, Beredjiklian PK,
Guyette TM, Weiland AJ. Intra- and interobserver reliability of sensibility
testing in asymptomatic individuals. Ann Plast Surg. 2000;44(6):605-9.
2. Chandhok PS, Bagust J..Differences between the cutaneous two-point
discrimination thresholds of chiropractic students at different stages in a
5-year course. J Manipulative Physiol Ther. 2002 Oct;25(8):521-5
3. Foster IE, Bagust J. Cutaneous two-point discrimination thresholds
and palpatory sensibility in chiropractic students and field chiropractors.
J Manipulative Physiol Ther. 2004 Sep;27(7):466-71.
4. Dane AB, Teh E, Reckelhoff
KE, Ying PK.Differences
of Cutaneous Two-Point Discrimination Thresholds Among Students in Different
Years of a Chiropractic Program. J Manipulative Physiol Ther. 2017
Oct 24. pii: S0161-4754(16)30130-0. doi: 10.1016/j.jmpt.2017.06.011. [Epub
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