Reabilitação da Dor Lombar: Está na Hora de Integrar Tudo!

 A dor lombar é uma das principais causas de incapacidade no mundo — e paradoxalmente, um dos quadros com maior excesso de exames, intervenções passivas e tratamentos fragmentados. Em vez de integrar conhecimento, seguimos reforçando modelos ultrapassados. Mas o artigo de Caneiro et al. (2020) nos faz um convite direto: é hora de juntar as peças e evoluir.

O Problema: Fragmentação do Cuidado

Apesar do aumento das evidências científicas, muitos pacientes com dor lombar ainda recebem tratamentos desatualizados ou inconsistentes. Exames de imagem são solicitados precocemente, a dor é encarada como exclusivamente biomecânica, e as soluções oferecidas muitas vezes giram em torno de repouso, manipulações e promessas de “consertar” estruturas.

👉 Resultado? Cronificação dos sintomas, medo de movimento, dependência terapêutica e frustração — tanto do paciente quanto do profissional.

A Solução: Um Modelo Integrado de Reabilitação

Caneiro et al. propõem um modelo de reabilitação que considera:

  • Educação em dor baseada em evidências, ajudando o paciente a entender sua condição de forma biopsicossocial;

  • Promoção de movimento e atividade física adaptada ao contexto e à preferência da pessoa;

  • Autonomia do paciente como foco central, com estratégias de autogerenciamento e engajamento ativo;

  • Avaliação multifatorial, considerando fatores biológicos, psicológicos e sociais de maneira integrada.

Ou seja, a reabilitação moderna não é sobre “corrigir desalinhamentos”, mas sim sobre reconstruir confiança no corpo e na capacidade de se mover com segurança e liberdade.

Como Aplicar na Prática Clínica?

  1. Evite o excesso de exames desnecessários, especialmente no início do quadro.

  2. Use linguagem positiva e orientada à funcionalidade. Evite termos que geram medo, como “desalinhamento”, “coluna desgastada” ou “bico de papagaio”.

  3. Envolva o paciente na tomada de decisão. Pergunte sobre suas metas, preferências e experiências prévias.

  4. Combine educação, exercício e suporte psicológico. Nenhuma dessas abordagens é suficiente sozinha.

  5. Trabalhe com rede interdisciplinar quando necessário. Psicólogos, médicos e outros fisioterapeutas devem ser parceiros, não concorrentes.

Conclusão: Uma Nova Era!

A dor lombar não exige mais técnicas mágicas, e sim clareza clínica, empatia, evidência científica e coordenação entre saberes. Reabilitar é mais do que tratar sintomas — é devolver o controle ao paciente.

📚 Referência
Caneiro JP, O’Sullivan K, O’Keeffe M, et al. Rehabilitation management of low back pain – it’s time to pull it all together! Br J Sports Med. 2020;54(13):822-823. doi:10.1136/bjsports-2019-101518



Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD
Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP
É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

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