GIRD em Atletas Arremessadores: A Visão da Osteopatia no Tratamento do Déficit de Rotação Interna do Ombro

 Atletas que realizam movimentos repetitivos de arremesso, como jogadores de beisebol, vôlei e handebol, frequentemente desenvolvem um desequilíbrio funcional conhecido como GIRD (Glenohumeral Internal Rotation Deficit). O artigo "Glenohumeral Internal Rotation Deficit in Overhead Throwing Athletes: Evidence and Perspectives of Osteopathic Manipulative Treatment" propõe uma análise aprofundada da condição e discute o papel da osteopatia na sua abordagem clínica.

1. O Que É GIRD e Por Que É Relevante?

GIRD é caracterizado por uma perda significativa da rotação interna do ombro dominante em comparação com o ombro não dominante. Ele está associado a:

✔ Alterações adaptativas no ombro de arremesso, incluindo encurtamento posterior da cápsula e do manguito rotador.
✔ Aumento do risco de lesões, como lesões do lábio glenoidal, impacto posterior e tendinopatias.
✔ Alterações no ritmo escápulo-umeral, prejudicando a mecânica global do gesto esportivo.

💡 Dica clínica: O GIRD não deve ser tratado apenas com foco na cápsula posterior; uma avaliação global do sistema musculoesquelético é essencial.

2. O Que a Osteopatia Pode Oferecer no Tratamento do GIRD?

O artigo destaca que a abordagem osteopática é especialmente valiosa para tratar GIRD por considerar o corpo como uma unidade funcional. A intervenção osteopática pode incluir:

🔹 Liberação miofascial e manipulação de tecidos moles, visando restaurar o deslizamento e mobilidade da cápsula posterior.
🔹 Técnicas viscerossomáticas e cranianas, com o objetivo de modular o tônus autonômico e otimizar o recrutamento muscular.
🔹 Correções articulares cervicotorácicas e costais, que influenciam diretamente o posicionamento escapular e a mecânica da cadeia cinética superior.
🔹 Integração com reeducação postural e controle motor, para sustentar os ganhos funcionais a longo prazo.

💡 Dica clínica: A combinação de manipulações segmentares com exercícios ativos proporciona ganhos mais duradouros e previne recidivas.

3. Evidências e Aplicabilidade Clínica

Embora a maior parte das evidências sobre GIRD esteja relacionada à fisioterapia tradicional, o estudo argumenta que:

✔ A manipulação osteopática pode acelerar o ganho de rotação interna e melhorar a simetria articular.
✔ A modulação da dor e melhora na percepção corporal promovem maior adesão ao tratamento.
✔ Os efeitos positivos sobre o desempenho esportivo ainda precisam de maior suporte empírico, mas mostram-se promissores.

📌 Estudos preliminares mostram melhora na rotação interna e na qualidade do movimento em curto prazo após sessões de tratamento osteopático.

Conclusão: Uma Abordagem Integrada Para o Ombro do Arremessador

O tratamento do GIRD deve ir além do alongamento e liberação da cápsula posterior. A osteopatia oferece uma abordagem complementar que busca restaurar a função articular e neuromuscular de forma global. Combinada com protocolos de reabilitação esportiva, pode ser uma ferramenta valiosa para atletas de alta performance e amadores que sofrem com limitações no ombro de arremesso.

Você já utilizou estratégias osteopáticas no manejo de GIRD? Como foi a resposta dos seus atletas? Compartilhe sua prática!

Referência

  • Rossi, M., et al. (2025). Glenohumeral Internal Rotation Deficit in Overhead Throwing Athletes: Evidence and Perspectives of Osteopathic Manipulative Treatment. Journal of Sports Osteopathy, 30(1), 12–25.


Prof Leonardo Nascimento, Ft Msc DO PhD

Fisioterapeuta
Pós-graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor da Escola de Madrid Internacional
Mestre em Ciências – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
Doutor em Neurociências e Comportamento - FMUSP

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Colaborador do DO-Touch - AOA (American Osteopathic Association)
Coordenador de Grupos de Pesquisas da Escola de Madrid Internacional
Host do Podcast Osteopatia Científica
Revisor de Periódicos de Fisioterapia e Osteopatia

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