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Mostrando postagens de novembro, 2025

Neuralgia do Trigêmeo: Quando o Rosto Vira Alvo de uma Dor Inimaginável

 Imagine um choque elétrico intenso no rosto. Não uma vez. Mas repetidamente, com qualquer estímulo leve: uma brisa, um sorriso, um gole de água. Essa é a realidade de quem convive com a neuralgia do trigêmeo. Um diagnóstico que desafia médicos, fisioterapeutas e osteopatas – e que, muitas vezes, anda de mãos dadas com diagnósticos errados e tratamentos ineficazes. O artigo  “Trigeminal Neuralgia: A Practical Guide” , publicado na  Practical Neurology , oferece uma abordagem didática e atualizada sobre a condição, mas nos permite também levantar reflexões críticas sobre sua complexidade diagnóstica, abordagem terapêutica e as limitações da literatura. Diagnóstico: O Labirinto Clínico A neuralgia do trigêmeo clássica é descrita como dor unilateral, paroxística, intensa, geralmente em uma das três divisões do nervo trigêmeo. Mas, como aponta o artigo, há uma zona cinzenta entre a neuralgia clássica e as formas atípicas, nas quais a dor pode ser mais constante e menos "elétr...

Neuralgia do Trigêmeo: Uma Visão Crítica Sobre Diagnóstico, Mecanismos e Tratamento

 A neuralgia do trigêmeo é uma das formas mais intensas de dor facial conhecidas na medicina, frequentemente descrita por pacientes como "um choque elétrico lancinante" que compromete a qualidade de vida de forma significativa. Embora relativamente rara, é uma condição que desafia clínicos, neurologistas e, por que não, osteopatas, especialmente quando o objetivo é compreender as bases fisiopatológicas e terapêuticas com rigor científico. O Que é a Neuralgia do Trigêmeo? Trata-se de uma neuropatia do nervo trigêmeo (quinto par craniano), responsável pela sensibilidade da face e por funções motoras relacionadas à mastigação. A dor costuma ocorrer de forma unilateral e episódica, com gatilhos mínimos como tocar o rosto, falar, escovar os dentes ou até mesmo respirar. Segundo a revisão abrangente publicada recentemente, os critérios diagnósticos da ICHD-3 (International Classification of Headache Disorders) ainda são o padrão ouro. No entanto, a revisão destaca as limitações na ...

Dor Não é Só Dor: O Peso dos Fatores Psicológicos no Desfecho da Dor

 Se você ainda acredita que dor é apenas uma resposta à lesão tecidual, talvez esteja lendo os artigos errados — ou lendo de menos. A ciência moderna da dor tem deixado cada vez mais claro que fatores como medo, catastrofização, expectativa e crenças sobre o corpo influenciam diretamente o desfecho terapêutico. Mas o artigo de revisão “The Effect of Psychological Factors on Pain Outcomes: Lessons Learned for the Next Generation of Research” aprofunda essa ideia e vai além: mostra como ignorar essas variáveis é um erro metodológico e clínico. O que esse artigo traz de novo? O estudo discute décadas de pesquisas sobre dor crônica e mostra que muitos ensaios clínicos falham não porque as intervenções não funcionam, mas porque subestimam o papel de fatores como: Catastrofização da dor Crenças disfuncionais sobre movimento Baixa autoeficácia Medo e evitação Depressão e ansiedade associadas à dor Essas variáveis não só modulam a experiência dolorosa, mas também afetam a  aderência a...

Manipulação Vertebral: Menos Dor, Mesmo Equilíbrio

 Se você ainda acha que uma única sessão de manipulação vertebral cura tudo — da dor lombar crônica à má postura, passando por “realinhamento de chakras” — este texto é para você. Um estudo recente colocou à prova essa narrativa milagrosa, com uma abordagem honesta e baseada em evidências. 🔬 O Estudo: O que Foi Feito? A pesquisa, publicada em um ensaio clínico randomizado, controlado por placebo, investigou os  efeitos imediatos de uma única sessão de manipulação vertebral (SMT)  sobre dois desfechos importantes em pessoas com dor lombar crônica: Sensibilidade local à dor Estabilidade postural Foram comparadas três abordagens: SMT real (alta velocidade, baixa amplitude) Intervenção simulada (placebo manual) Controle sem intervenção 📉 Resultados: Alívio Parcial, sem Milagres O resultado principal?  Houve redução significativa da sensibilidade à dor local  após a manipulação real — um achado que confirma o papel de  mecanismos neurofisiológicos imediatos , ...

A Ciência Bayesiana Decide sobre a Dor Lombar Crônica

 A dor lombar crônica é uma das condições mais prevalentes e desafiadoras da prática clínica musculoesquelética. Quando o paciente chega ao consultório perguntando:  "É melhor alongar ou fazer fortalecimento? Massagem ou exercício?" , a resposta ideal deveria ser baseada em evidências sólidas. E quando queremos o topo da pirâmide da evidência, recorremos às  revisões sistemáticas e meta-análises . Mas e quando a análise não se limita a comparar dois tratamentos? Quando queremos entender como diferentes intervenções se relacionam entre si, mesmo que nem todas tenham sido comparadas diretamente nos estudos? É aí que entra a  meta-análise em rede (network meta-analysis)  — e, melhor ainda, uma com abordagem  Bayesiana . 📊 O que é uma Meta-Análise Bayesiana? Na prática, a meta-análise tradicional reúne dados de estudos semelhantes para estimar o efeito médio de uma intervenção. Já a  meta-análise em rede  permite comparar  múltiplas intervenções...

20 Anos de Evolução no Manejo da Dor Lombar Aguda no Reino Unido: Quem Mudou, Quem Ficou e Por Quê?

 A dor lombar aguda continua a ser uma das maiores causas de incapacidade no mundo. Profissionais como fisioterapeutas, osteopatas e quiropráticos frequentemente atuam na linha de frente desse atendimento. Mas será que, nos últimos 20 anos (2003 a 2023), a forma como esses profissionais abordam essa dor realmente mudou? O estudo em questão resolveu responder essa pergunta — e os resultados trazem tanto esperanças quanto alertas. O Estudo em Foco Os autores conduziram  duas pesquisas nacionais  no Reino Unido (uma em 2003, outra em 2023) com amostras representativas de fisioterapeutas, osteopatas e quiropráticos, usando o  mesmo caso‑vignette fictício de dor lombar aguda inespecífica  para avaliar quais investigações e intervenções os profissionais relataram que utilizavam.  Principais Mudanças Observadas O número de profissionais que optavam por  nenhuma investigação  aumentou ao longo dos 20 anos, indicando uma aproximação maior às diretrizes que...

Dor Inguinal em Atletas: O Que Realmente Causa? A Ciência Responde

 Se você é fisioterapeuta, educador físico ou atua com esportes, com certeza já atendeu aquele atleta — amador ou profissional — com dor na região inguinal. Essa dor enigmática, muitas vezes de difícil diagnóstico, é mais comum do que se imagina e pode comprometer gravemente o desempenho esportivo. Mas afinal… o que realmente causa dor inguinal em atletas? Seriam fatores biomecânicos? Alterações musculares? Ou simplesmente excesso de treino? Um estudo recente revisou as evidências para esclarecer essa bagunça clínica. O Estudo A revisão sistemática publicada por Mosler et al. (2023) buscou identificar  fatores de risco associados à dor inguinal em atletas . Os pesquisadores analisaram  18 estudos  de qualidade metodológica variada, envolvendo esportistas de diferentes modalidades, como futebol, hóquei, atletismo e rugby. Principais Resultados Entre os fatores associados à dor inguinal, destacaram-se: Histórico prévio de dor inguinal:  O maior preditor isolado. S...