Ciática ou Lombociatalgia quais as mais eficazes técnicas de tratamento?

       As dificuldades do estudo e da abordagem das lombalgias e lombociatalgias decorrem de vários fatores, dentre os quais, podem ser mencionados a inexistência de uma fidedigna correlação entre os achados clínicos e os de imagem; ser o segmento lombar inervado por uma difusa e entrelaçada rede de nervos, tornando difícil determinar com precisão o local de origem da dor, exceto nos acometimentos radículo-medulares; pelo fato das contraturas musculares, freqüentes e dolorosas, não se acompanharem de lesão histológica demonstrável; e, por serem raramente cirúrgicas, há escassas e inadequadas informações quanto aos achados anatômicos e histológicos das estruturas possivelmente comprometidas, o que torna difícil a interpretação do fenômeno doloroso.
Tais fatos fazem da caracterização etiológica da síndrome dolorosa lombar um processo eminentemente clínico, onde os exames complementares devem ser solicitados apenas para confirmação da hipótese diagnóstica.

As lombalgias, lombociatalgias e ciáticas podem ser caracterizadas como agudas ou lumbagos, subagudas e crônicas.

As dores lombares podem ser primárias ou secundárias, com ou sem envolvimento neurológico. Por outro lado, afecções localizadas neste segmento, em estruturas adjacentes ou mesmo à distância, de natureza a mais diversa, como congênitas, neoplásicas, inflamatórias, infecciosas, metabólicas, traumáticas, degenerativas e funcionais, podem provocar dor lombar.

A lombalgia idiopática, antigamente assim chamada, pois não se achava um substrato para sua causa, e que hoje é denominada de lombalgia mecânica comum, ou lombalgia inespecífica, é a forma anatomoclínica inicial de apresentação e a mais prevalente das causas de natureza mecânico-degenerativa.
Inúmeras circunstâncias contribuem para o desencadeamento e cronificação das síndromes dolorosas lombares (algumas sem uma nítida comprovação de relação causal) tais como: psicossociais, insatisfação laboral, obesidade, hábito de fumar, grau de escolaridade, realização de trabalhos pesados, sedentarismo, síndromes depressivas, litígios trabalhistas, fatores genéticos e antropológicos, hábitos posturais, alterações climáticas, modificações de pressão atmosférica e temperatura.
Condições emocionais podem levar à dor lombar ou agravar as queixas resultantes de outras causas orgânicas preexistentes.

Muitos estudos foram realizados para avaliar os recursos terapêuticos mais eficazes no tratamento da lombociatalgia, dor lombar com irradiação para o membro inferior ou membros inferiores. E como vimos no texto acima, muitas causas diferentes implicam em opas diferentes de tratamento e com isso, o artigo comentado dessa semana faz uma avaliação comparativa de todos os recursos utilizados na forma de uma revisão sistemática pois, os estudos anteriores não compararam as estratégias simultaneamente.


Como qualquer revisão sistemática, foram pesquisadas ​​28 bases de dados electrónicas e registros de estudo on-line, juntamente com referencias bibliográficas de comentários anteriores para estudos comparativos, avaliando qualquer intervenção para tratar a dor ciática em adultos, com dados de resultados sobre o efeito global ou intensidade da dor. 

Os métodos meta-análise de rede foram utilizados para comparar simultaneamente todas as estratégias de tratamento e permitir comparações indiretas de tratamentos entre os estudos.

  O estudo foi financiado pelo Instituto Nacional do Reino Unido para o programa de Avaliação de Tecnologias em Saúde Pesquisa em Saúde e não foi relatado nenhum potencial conflito de interesses.

  Foram identificados 122 estudos relevantes; 90 foram ensaios clínicos randomizados (ECR) ou quase-ECR. As intervenções foram agrupadas em 21 estratégias de tratamento. validade interna e externa dos estudos incluídos foi muito baixa. 

Foram comparados agentes biológicos (antibióticos), acupuntura, manipulação, cirurgias minimamente invasivas, injeções epidurais, estimulação elétrica, cirurgia discal, utilização de não opioides, aconselhamento/educação, quimionucelose, fisioterapia passiva, moduladores de dor neuropatia, repouso/descanso, tração, discectomia, ópioides, exercícios, tratamento convencional, injeções intradiscais e tratamento de radiofrequencia.

E baseados nas possíveis causas são os mais indicados, veja a tabela abaixo com os resultados globais:






Pela primeira vez, muitas estratégias de tratamento para a dor ciática foram comparados na mesma revisão sistemática e meta-análise. Esta abordagem forneceu novos dados para auxiliar a tomada de decisão multidisciplinar.

Os resultados suportam a eficácia do medicamento não opióide, injeções epidurais e cirurgia discal. 

Eles também indicam que a manipulação da coluna, a acupuntura, e tratamentos experimentais, tais como agentes biológicos anti-inflamatórios, podem ser considerada.

Os resultados não fornecem suporte para a eficácia da analgesia opióide, repouso na cama, a terapia de exercícios, educação / aconselhamento (quando usado sozinho), discectomia ou tração. 

Fica evidente a necessidade de uma abordagem precisa para a detecção da causa ou das causas pois, sabe se que podemos ter mais de uma presente.

A avaliação e elaboração do diagnostico é fundamental para escolha da melhor estratégia de tratamento para o seu paciente! ; )

Bom trabalho!


Bibliografia

Lewis RA, Williams NH, Sutton AJ, Burton K, Din NU, Matar HE, Hendry M, Phillips CJ, Nafees S, Fitzsimmons D, Rickard I, Wilkinson C. Comparative clinical effectiveness of management strategies for sciatica: systematic review and network meta-analyses. Spine J. 2015 Jun 1;15(6):1461-77. doi: 10.1016/j.spinee.2013.08.049. Epub 2013 Oct 4.


Escrito por

Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
Fisioterapeuta pela UNICID/SP
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)


É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP

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