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Mostrando postagens de outubro, 2025

Dor em Desenhos: O Que 21 Mil Pacientes Têm a Dizer?

 O paciente chega, pega a ficha e, diante da silhueta humana impressa, rabisca com raiva a lombar, o pescoço ou o corpo todo. Você olha aquele “mapa da dor” e pensa:  o que eu faço com isso? Um estudo recente e gigantesco publicado em  Pain Reports  — com  21.123 pacientes com dor na coluna  — resolveu levar esse desenho a sério. Muito a sério. Utilizando algoritmos de análise de dados, os pesquisadores exploraram os padrões desses desenhos e suas associações com fatores clínicos e psicológicos. Spoiler: tem mais ciência no lápis do que parece. A Pergunta: O Que os Desenhos de Dor Revelam? O estudo teve como objetivo identificar  padrões distintos nos desenhos de dor  e correlacioná-los com características clínicas e psicológicas dos pacientes com dor espinhal (cervical, torácica e lombar). Como o Estudo Foi Conduzido? Foram analisados  21.123 desenhos de dor  oriundos de redes clínicas da Suécia. Usaram  técnicas de machine learnin...

TeleReabilitação para Dor Lombar Crônica: Conectando Movimento e Tecnologia

 A dor lombar crônica (DLC) continua sendo uma das principais causas de incapacidade no mundo. E enquanto os consultórios e clínicas lotam com pacientes que repetem a mesma frase — “já tentei de tudo” — surge uma nova proposta:  reabilitação baseada em exercício, feita à distância, com apoio da tecnologia . A chamada  telereabilitação . Mas será que funciona mesmo? Ou é mais uma moda passageira, como a cadeira que promete corrigir sua postura sem esforço? Uma  scoping review  recente mergulhou nesse universo para mapear a efetividade, as ferramentas e os desafios dessa abordagem. O Que Essa Revisão Investigou? Os autores buscaram responder uma pergunta direta:  qual é o estado atual das evidências sobre o uso da telereabilitação baseada em exercícios para tratar pacientes com dor lombar crônica? Para isso, realizaram uma revisão de escopo — uma metodologia útil para mapear o volume e os tipos de evidência disponíveis, especialmente em áreas emergentes ou po...

ATM e Refluxo: Uma Relação que Vai Muito Além da Azia

 A dor na articulação temporomandibular (ATM) é um dos quadros musculoesqueléticos mais complexos e multifatoriais que um clínico pode enfrentar. Agora imagine que, além do estresse, da oclusão e da sobrecarga muscular, o paciente ainda sofre de  refluxo gastroesofágico (DRGE) . Parece improvável? Pois é exatamente essa possível correlação que este estudo caso-controle investigou — e os resultados são, no mínimo, curiosos. Qual a Hipótese do Estudo? Os autores partiram da hipótese de que  pacientes com DRGE poderiam ter uma prevalência maior de disfunções temporomandibulares (DTMs) . A base dessa ideia está no  eixo cérebro-intestino-mandíbula , onde estresse, distúrbios autonômicos e inflamação sistêmica poderiam ser fatores de ligação entre as duas condições. Metodologia Foram avaliados  100 pacientes com diagnóstico confirmado de DRGE  (via endoscopia e sintomatologia) e comparados a  100 controles saudáveis , pareados por idade e sexo. Todos os par...

Treinamento Neuromuscular com Biofeedback em Tempo Real: Quando o Corpo Aprende com o Espelho Digital

 O que acontece quando você combina treinamento neuromuscular com tecnologia de biofeedback em tempo real? Se sua resposta foi “coisa de atleta de elite”, você está em parte certo — mas também está subestimando o potencial dessa ferramenta no manejo da dor, prevenção de lesões e reabilitação funcional. Um estudo randomizado controlado recente investigou exatamente isso em atletas jovens do sexo feminino. O Estudo Publicado em periódico internacional com boa qualificação na área de medicina esportiva, este RCT envolveu  jovens atletas do sexo feminino , muitas delas envolvidas com esportes de alta demanda como futebol, vôlei e basquete. O objetivo era verificar se o  treinamento neuromuscular com feedback em tempo real  (via sensores e monitores de movimento) traria benefícios adicionais em comparação ao treinamento convencional. Metodologia Os participantes foram randomizados em dois grupos: Grupo intervenção : Treinamento neuromuscular com feedback visual em tempo r...

Osteopatia Além do Aparelho Locomotor: O Que os Dados de Austrália e Nova Zelândia Têm a Nos Dizer?

 Você é do time que acredita que osteopatia trata “qualquer coisa”? Ou prefere se manter no campo das evidências, onde as articulações não curam gastrite, e mobilizações sacroilíacas não resolvem sinusite? Um estudo recente publicado em 2023 nos ajuda a entender melhor esse cenário. Intitulado  “Characteristics of Australian and New Zealand osteopaths who treat patients presenting with non-musculoskeletal complaints” , o artigo apresenta dados coletados de duas redes de pesquisa clínica (practice-based research networks — PBRNs) envolvendo 1201 osteopatas. O objetivo? Analisar o perfil dos osteopatas que  afirmam tratar condições não musculoesqueléticas  (não-ME). O que eles tratam? Quais técnicas usam? O que os diferencia dos colegas que mantêm o foco musculoesquelético? Quais “condições não musculoesqueléticas” foram relatadas? Os autores listam uma série de condições que os osteopatas afirmaram tratar, incluindo: Problemas digestivos (ex: refluxo, constipação) Cef...