EFEITOS DO TRATAMENTO MANIPULATIVO OSTEOPÁTICO SOBRE AS ADERÊNCIAS ABDOMINAIS DE PACIENTE COM LOMBALGIA E SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL: RELATO DE CASO
Essa
semana teremos a apresentação do trabalho que ficou em terceiro lugar no VI
Congresso Internacional de Osteopatia que aconteceu em Campinas de 22 a 25 de
junho de 2017.
Parabéns
aos autores:
Wívian Pires Ribeiro Vieira1, Vinícius Cobos Stefanellii1,2 , Fausto Bérzin2 1 Escola de Osteopatia de Madrid – EOM, Brasil.
2 Faculdade de Odontologia de Piracicaba – FOP/UNICAMP , Piracicaba, SP, Brasil.
E-mail: wivianpires@gmail.com
Introdução
As cicatrizes afetam os tecidos moles em todas as suas camadas,
desde a pele até os tecidos subcutâneos; as fáscias superficiais e profundas;
os músculos, e até mesmo os tecidos da cavidade abdominal1. A
liberação das aderências ocasionadas pela apendicectomia por exemplo, foram
consideradas como medida primordial no tratamento de cefaleia e dores
musculoesqueléticas2, embora pouco relacionada com o sangramento
uterino anormal.
No entanto, estudos tem
enfatizado a relação entre cicatriz cesariana com dores pélvicas e alterações
no posicionamento do útero devido a fáscia sacro-reto-genito-vesico-púbica3.
Outros citam a retroversão uterina como fator corroborante à congestão do
útero, sendo uma possível causa da hipermenorreia4.
Objetivos
Relatar os resultados obtidos com TMO em uma
paciente que apresentava crises de lombociatalgia durante período menstrual,
bem como sangramento uterino anormal.
Métodos
A paciente de 27 anos recorreu ao
Tratamento Manipulativo Osteopático para dor lombar, cuja queixa iniciada há
aproximadamente três anos, com diagnóstico clínico de hérnia discal (L4-L5 e
L5-S1). O início da crise de lombociática ocorria sempre no período
pré-menstrual, e como seu histórico de dismenorreia era de forte intensidade, a
soma dos fatores gerava um quadro álgico que somente aliviava com o uso de
medicação endovenosa. Na sua história patológica pregressa, consta que aos 3
anos e meio de idade, foi submetida a um apendicectomia, cujas complicações promoveram
grandes aderências abdominais. Aos 12 anos, ocorreu a menarca, e as
menstruações que se seguiram caracterizavam-se por hipermenorreia, dismenorreia
e ciclos irregulares. Aos 17, começou a apresentar coágulos e aumento da dor, além de vômitos ou diarréia no período menstrual. Há dois
anos foi diagnosticado útero retrovertido.
Visando quantificar o quadro álgico e a capacidade funcional da região lombar, utilizou-se os Questionários de Incapacidade Lombar (Oswestry Disability Index e Roland-Morris),
Questionário de Qualidade de
Vida (SF-36), e a Escala Visual
Analógica para os sintomas lombares. Também foi
utilizado o questionário EHP 30 que embora originalmente seja aplicado a
portadoras de endometriose, pareceu ser um meio eficiente para avaliar a
qualidade de vida da paciente. Sobre o sangramento uterino, não foi encontrado
um questionário validado e, por essa razão, registrou-se o relato da paciente
sobre os fatores considerados mais relevantes. Todos os questionários foram aplicados antes do tratamento e após
cada ciclo menstrual, período que os sintomas se manifestavam. A paciente
assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e este estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o protocolo número 041609/2017.
O Tratamento Manipulativo Osteopático consistiu em 8
sessões, com frequência de 1 vez por semana, com pausa no período menstrual. Portanto, 3 etapas de tratamento ocorridas ao longo de 10
semanas.
As aderências abdominais causavam grande
restrição de mobilidade na articulação sacroilíca direita e solicitavam de
forma contínua a cadeia muscular de flexão do tronco e a cadeia cruzada
anterior direita. 5
Sendo asim, foi estabelecido a seguinte
sequência de tratamento: liberação das aderências abdominais (1ª e 2ª etapa),
reequilíbrio das cadeias musculares (1ª e 2ª etapa) e correção das disfunções somáticas (3ª etapa).
Foram utilizadas as seguintes técnicas: mobilizações viscerais, exercícios abdominais hipopressivos, liberação manuais e com ventosas das cicatrizes, alongamentos/stretching, técnicas de contratensão (Jones) e técnicas de Thrust. A paciente também recebeu orientações sobre os exercícios e alongamentos a serem realizados diariamente em seu domicílio.
No
presente caso, também foi relatado o desaparecimento de queixas secundárias
como cefaléia (primeira etapa), dispareunia (segunda etapa) e outras desordens
musculoesqueléticas (terceira etapa).
Conclusão
Há importante relação entre as aderências
abdominais e as algias da coluna lombar, bem como nas alterações funcionais
ginecológicas. O TMO demonstrou ser um método eficaz de tratamento para estes
casos, melhorando a função e algias dos tecidos relacionados.
Referências
1 Lewit KL et al. J Manip Phys Ther. 2004;
27 (6): 399-402.
2 Upledger
JE.; Vredevoogd JD. Terapia Craniossacral. Editora Roca, 2012.
3 Almeida, ECS; Nogueira AA; Reis, FJC;
Silva, RJC. Cesarean section as a cause of chronic pelvic pain. International
Journal os Gynecology and Obstetrics. 2002 p. 101-104.
4 Machado
LV, Lucas V.. (2001). Sangramento uterino disfuncional. Arquivos Brasileiros de
Endocrinologia & Metabologia, 2001; 45 (4), 375-382.
5
Busquet-Vanderheyden M. Las cadenas fisiológicas: la cadena visceral. Tomo VI.
Editorial Paidotribo, 2013.
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