Uma série de casos de tratamento miofascial em DPOC
A DPOC é uma doença pulmonar que obstrui as vias aéreas,
tornando a respiração difícil. DPOC significa Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica.
Crônica significa que não tem cura; Obstrutiva quer dizer que bloqueia
parcialmente os bronquios; Pulmonar, pois acomete os pulmões; Doença, por se
tratar de uma enfermidade.
A DPOC é semelhante à asma, mas é doença crônica e pode
se tornar grave, com o passar do tempo. A única maneira de ter certeza que você
tem DPOC é realizar um exame respiratório chamado espirometria,
secundando-se o exame de imagem e clínico.
Embora não tenha cura, os tratamentos disponíveis para a DPOC atuam
retardando a progressão da doença, controlando os sintomas e reduzindo as
complicações. Em sua maioria a DPOC resulta de danos pulmonares causados pelo
tabagismo, ou da poluição ambiental.
Quando a DPOC está sob controle, os sintomas serão mais
ou menos os mesmos no dia a dia. A DPOC é uma doença progressiva, o que
significa que se agrava com o tempo. Normalmente, essas mudanças são graduais,
mas às vezes elas acontecem muito rapidamente, e isso é conhecido como uma
exacerbação.
Porém, quando em exacerbação, os sintomas se acentuam, e essas
mudanças são muitas vezes extremamente rápidas. As exacerbações podem ser
fatais, e é provável que o paciente precise de assistência médica imediata nas
crises.
Dentre os sintomas relacionados, temos: aumento da falta de ar,
aperto no peito, confusão, aumento excessiva da tosse e de tosse com muco,
mudança na cor do muco, febre, sonolência excessiva, (sinal de uma intoxicação por
dióxido de carbono, possivelmente fatal), lábios ou unhas vão azulando.
Sempre que estudamos os sintomas de uma enfermidade, podemos
começar a raciocinar como podemos atuar com técnicas de terapia manual para
ajudar esses pacientes e o estudo dessa semana utilizou se de técnicas de
tecidos moles ou miofasciais para esses casos.
Na doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), os músculos
acessórios da respiração são recrutados como uma adaptação compensatória a
alterações na mecânica respiratória. Isso resulta em encurtamento e um excesso
de ativação destes e de outros músculos.
O objetivo do estudo foi medir o efeito imediato sobre a função
pulmonar de tecido mole ao protocolo de terapia manual (STMTP) projetado para
tratar alterações na musculatura respiratória acessória e suas estruturas
associadas em pacientes com DPOC grave.
O STMTP usado no julgamento consistiu de um conjunto
pré-determinado de sete técnicas de tecidos moles como parte de uma sessão de
tratamento único com duração de 30 minutos. As técnicas e suas
respectivas durações foram: liberação sub-occipital por 5 minutos; liberação
miofascial do esterno e região torácica anterior por 5 minutos; liberação
miofascial cervical por 5 minutos; balanço ligamentar costal por 5 minutos; e
técnica de energia muscular para os seguintes músculos: escalenes 1 minuto e 40
segundos, peitoral menor de 1 minuto e 40 segundos; grande dorsal e serrátil
anterior de 1 minuto e 40 segundos.
Todas as técnicas foram administradas na mesma ordem e por um único
terapeuta treinado para o estudo com o paciente na posição de Fowler (45 ° de
flexão de joelhos em decúbito dorsal) durante toda a sessão.
Foram selecionados doze pacientes clinicamente estáveis (n = 12 - 9
homens) com idade média de 62,4 anos (46 a 77) com um diagnóstico existente de
DPOC grave (nota: GOLD Estágio III e dois: GOLD Estágio IV) foram
incluídos.
Foram mensurados o volume residual, a capacidade inspiratória e
saturação de oxigênio (SpO2) e foram registrados imediatamente antes e
depois da administração do procedimento STMTP.
A análise estatística de antes e depois foi feita por meio do
teste t de Student para determinar o efeito da terapia de intervenção
manual (P, 0,05).
A diminuição do volume residual 4,5-3,9 L (P = 0,002), um aumento
da capacidade inspiratória 2,0-2,1 (P = 0,039) e a saturação de oxigênio (SpO2)
aumentou de 93% para 96% (P = 0,001).
O estudo foi muito bem conduzido porém, uma das grandes falhas
metodológicas desse estudo foi o fato de não ter um grupo controle que poderia
ter sido realizado com técnicas de fisioterapia respiratória como um tratamento
padrão para esses casos. E se isso tivesse ocorrido teríamos um ensaio clínico
controlado e ainda se os pacientes fossem selecionados e divididos em dois
grupos aleatoriamente, um ensaio clínico controlado randomizado. E essa crítica
é muito pertinente pois, colocaria o estudo com um peso maior na pirâmide da
Prática Baseada em Evidências.
Seria uma sugestão de continuidade? #ficaadica
E podemos concluir que uma única aplicação de um STMTP parece ter
potencial para produzir melhorias clinicamente significativas na função
pulmonar imediata em pacientes com DPOC graves e muito graves.
Por Leonardo Nascimento
Bibliografia
Cruz-Montecinos
C, Godoy-Olave D, Contreras-Briceño
FA, Gutiérrez P, Torres-Castro R, Miret-Venegas L, Engel RM.The immediate effect of soft tissue manual therapy intervention on
lung function in severe chronic obstructive pulmonary disease. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2017
Feb 21;12:691-696.
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