O tratamento osteopático preventivo em atletas de corrida cross country previne o aparecimento de fraturas por estresse?

J Am Osteopath Assoc. 2013 Dec;113(12):882-90. doi: 10.7556/jaoa.2013.066.
Preventive osteopathic manipulative treatment and stress fracture incidence among collegiate cross-country athletes.

Esse estudo foi um estudo de coorte que serviu para avaliar o impacto do tratamento preventivo de osteopatia em atletas de corrida cross country universitários dos Estados Unidos.

O tratamento preventivo em osteopatia é um ponto controverso pois, como preventivo presume se que alguns indivíduos tratados não apresentavam queixas específicas ou seja, uma correção biomecânica ostepática era realmente necessária?

Essa pergunta pode ser tema  de outro estudo….

Esse estudo utilizou a OMT para prevenir e diminuir a incidência de fraturas por estresse em atletas de corrida cross country da NCAA (National Collegiatte Athletic Association). É importante salientar que a NCAA é a maior liga esportiva universitária do mundo atualmente, com finais transmitidas em TV aberta e com patrocinadores importantes. Muito diferente do modelo de esporte universitário que temos (ou não temos) aqui no Brasil (esse ponto foi colocado para exemplificar o tipo de atleta que foi avaliado nesse estudo). Todo atleta profissional dos EUA passou pela liga universitária, normalmente, com raras exceções, como Lebron James do basquete, por exemplo.

Os atletas foram avaliados e tratados por estudantes do primeiro e segundo ano de Osteopatia e o tratamento foi focado na pelve, sacro e extremidades inferiores. Nos EUA a Medicina Osteopática é ensinada na graduação de medicina, mais precisamente nos dois primeiros anos de formação em medicina os alunos tem o treinamento em técnicas manuais de tratamento por isso, pode se considerar que os indivíduos foram tratados por especialistas treinados na técnica.


Mais de 1800 avaliações foram realizadas em 124 atletas masculinos e femininos por 141 estudantes de osteopatia e supervisionados por 3 professores por um período de 5 anos consecutivos (2004-2005 a 2008-2009).


Os dados destes anos lectivos foram comparados com os dados das 8 anos anteriores (1996-1997 a 2003-2004), onde não tínhamos a mesma intervenção. 

Uma média de 20 novos participantes inscritos anualmente ao longo dos anos do estudo.

O número de fraturas de estresse anuais por equipe variou de 0 a 6 para participantes do sexo masculino e 1 a 6 para participantes do sexo feminino. 

A incidência anual cumulativo de fraturas de estresse para os participantes do sexo masculino demonstraram uma redução estatisticamente significativa de 13,9% (20 de 144) antes da intervenção a 1,0% (1 de 105) após a intervenção, resultando em uma redução relativa de 98,7% no diagnóstico de fratura por estresse (P = 0,019). 

A incidência anual cumulativa para participantes do sexo feminino apresentaram uma diminuição mínima de 12,9% (23 de 178) antes da intervenção para 12,0% (17 de 142) após a intervenção, uma redução relativa de 8,5% no diagnóstico de fratura por estresse(P = 0,671). 

A incidência anual cumulativa de todos os participantes diminuiu de 13,4% (43 de 322) antes da intervenção a 7,3% (18 de 247) após a intervenção, uma redução relativa de 45% no diagnóstico de fratura por estresse (P = 0,156).

O estudo teve como conclusão que houve uma diminuição estatisticamente significativa na incidência anual cumulativo de fraturas por estresse no sexo masculino, mas não do sexo feminino em atletas de cross-country depois de receber OMT.

E agora? Seguimos pensando em tratamento preventivo? Melhor a prevenção somente em homens? Ou ambos os sexos?




Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
Fisioterapeuta pela UNICID/SP
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)


É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP

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