Teste de Spurling nas radiculopatias cervicais - qual a confiabilidade e melhores parâmetros para a execução?

Clin Orthop Relat Res. 2012 Sep;470(9):2566-72. doi: 10.1007/s11999-012-2492-3. Epub 2012 Jul 18.
What is the best way to apply the Spurling test for cervical radiculopathy?
Author information
1Spine Unit, Department of Orthopedics, Assaf Harofeh Medical Center, Zerifin, Israel. fredrica99@gmail.com



Um bom exame físico é realizado por meio de um processo metódico e criterioso de avaliação que envolve algumas etapas, dentre elas temos os testes provocativos. Os testes provocativos servem para diagnóstico diferencial e para determinar quais os tecidos lesados.

No diagnóstico de uma radiculopatia cervical, a manobra mais comum descrita é o teste de Spurling. Ele foi descrito em 1944 por Spurling e Scoville e desde então, tem sido propostas diversas modificações para melhorar sua validação e confiabilidade diagnóstica.

O artigo avaliou a capacidade de seis variações conhecidas do teste Spurling para reproduzir as queixas dos pacientes com diagnóstico de radiculopatia cervical. 

Foi realizado um estudo prospectivo com um n = 67 pacientes apresentando sintomas radiculares cervicais e achados concordantes radiográficos. 

Cada paciente foi submetido a seis manobras provocativas da coluna cervical distintas por dois examinadores, durante os quais foram registrados três parâmetros: 

(1) A intensidade da dor (VAS), 
(2) de intensidade de parestesia (0 - sem parestesia, 1 - leve a moderada, e 2 - grave),
(3) a distribuição característica da dor (0 - sem dor, 1 - dor no pescoço apenas, 2 - dor no braço, 3 - dor sofrida distal ao cotovelo). 

Quando avalia se a confiabilidade, uma ferramenta utilizada para este fim é o índice de concordância de Kappa. O índice Kappa tem valores variando de -1 a +1, sendo considerado melhor quanto mais perto de 1.

A confiabilidade interobservador da classificação VAS relatado variaram de 0,78 a 0,96. Sendo considerado excelente.
Os valores kappa calculados dos parâmetros (2) e (3) variaram de 0,58 a 1,0 para intensidade da parestesia e 0,63-1,0 para distribuição  característica da dor, sendo considerado de bom a excelente.


Diferenças nos resultados entre os dois examinadores para os 67 pacientes foram resolvidas por consenso entre os mesmos.

A manobra que consiste em extensão, flexão lateral e compressão axial resultou na maior pontuação VAS (média de 7) e foi associado com a dor mais distal em média (média de 2,5). 

Os mais altos níveis de parestesia foram relatados após a aplicação de extensão, rotação e compressão axial (média, 1). Estas manobras, no entanto, foram as menos toleráveis, causando interrupção do exame em três ocasiões. 

Sempre a radiculopatia cervical é suspeita, e nossas observações sugerem que as manobras provocativas executadas que devem ser incluídos ao exame físico são extensão e flexão lateral em primeiro lugar, seguido pela adição de compressão axial em casos com um efeito inconclusivos na manobra anterior.




Por Leonardo Nascimento

Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
Fisioterapeuta pela UNICID/SP
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)


É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP

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