Mobilizações articulares da coluna e as alterações de fluxo sanguíneo da pele
No texto de hoje mostraremos uma forma de saber qual a relevância de sua pergunta clínica antes de realizar um ensaio clínico. Esse método mostrado é uma excelente forma de saber qual a melhor metodologia para orientar seu estudo clínico.
Os
índices do fluxo sangüíneo da pele (SBF) foram utilizados para descrever os
mecanismos fisiológicos associados à terapia manual da coluna vertebral (SMT).
Foi
realizada uma revisão sistemática para verificar os métodos de coleta de dados,
avaliar como os pesquisadores interpretaram as mudanças do SBF e formular
recomendações para avançar a pesquisa em terapia manual.
A
revisão bibliográfica verificou os dados publicados até abril de 2014, os
artigos foram incluídos se pelo menos 1 medida de resultado fosse mudanças em 1
índice SBF após SMT.
A
pesquisa no banco de dados gerou 344 registros. Dois autores independentes
aplicaram os critérios de inclusão. Vinte estudos preencheram os critérios de
inclusão.
Os
estudos selecionados utilizaram métodos heterogêneos para avaliar as alterações
pós-SMT a curto prazo no SBF, geralmente vasoconstrição, que foi interpretada como
um efeito simpaticotônico geral através de mecanismos centrais.
No
entanto, esta conclusão pode ser desafiada pela compreensão atual da atividade
nervosa simpática da pele em mecanismos endoteliais locais que estão
especificamente controlando o SBF.
A
avaliação das medidas de SBF em tecidos periféricos após SMT pode documentar
respostas fisiológicas que estão além da função simpática periférica.
E
um dos pontos interessantes dessa revisão foi que os autores com base no uso
atual dos índices de SBF em pesquisas clínicas e fisiológicas, apresentam 14
recomendações para o avanço da pesquisa de medicina manual usando a medida de
fluxo laser Doppler. (#ficaadica)
Os
mesmos autores da revisão realizaram no ano seguinte, um ensaio clínico para
testar algumas hipóteses encontradas na revisão e essa é uma excelente forma de
começar a amadurecer a sua idéia de estudo. (#ficaadicadenovo!)
O
fluxo sanguíneo da pele periférica (SBF) muda durante e após a mobilização da
coluna (SM), avaliado com a geometria doppler a laser, pode documentar
respostas fisiológicas associadas ao SM.
Esse
estudo avaliou as variações no SBF durante e após a aplicação de uma
mobilização articular de coluna (SM) e a influência da pressão sobre o SBF
aplicando o mesmo SM padronizado com 3 pressões diferentes.
O
desenho do estudo foi um cross-over design com 4 intervenções em 4 dias
diferentes: controle (sem toque) e 3 SMs aplicados rítmicamente em 5%, 40% ou
80% do limiar de pressão da dor (SM simulada, SM de baixa pressão ou SM de alta
pressão, respectivamente).
Participaram
trinta e dois indivíduos. O teste respiratório inspiratório (IG) foi o controle
positivo de vasoconstrição através da excitação da atividade nervosa simpática
da pele (SSNA).
Cada
sessão compreendeu 5 fases: (1) linha de base no final de uma aclimatação de 20
minutos, (2) teste IG, (3) fase pós-IG, (4) Fase SM ou nenhum contato manual
para controle e (5) fase pós-SM.
Uma
vasodilatação bilateral igual e significativa ocorreu durante a aplicação de SM
simulada unilateral, SM de baixa pressão e SM de alta pressão. A vasodilatação
significativa pós-SM persistiu após SM de alta pressão.
O
estudo atual é o primeiro a descrever as alterações bilaterais do SBF
periférico ocorrendo durante e 5 min após a aplicação de SM padronizados.
Nossa
vasodilatação pós-SM sugere o envolvimento de mecanismos diferentes do mecanismo
excitatório do SNA proposto com medidas de condutância da pele.
A
persistência da vasodilatação pós-SM após apenas SM de alta pressão sugere
possíveis mecanismos dependentes da pressão.
No
entanto, são necessárias mais pesquisas para esclarecer nossas descobertas,
como sempre!
Por
Leonardo Nascimento, Ft Msc DO
Fisioterapeuta
Pós
graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista
em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista
em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata
Certificado pela Escola de Madrid
Professor
e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e
Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado
em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
É um
estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de
Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Bibliografia
Zegarra-Parodi
R1, Pazdernik VK2, Roustit M3, Park PY4, Degenhardt BF5. Effects of pressure applied during standardized
spinal mobilizations on peripheral skin blood flow: A randomised cross-over
study.Man Ther. 2016
Feb;21:220-6. doi: 10.1016/j.math.2015.08.008. Epub 2015 Aug 28.
Zegarra-Parodi R1, Park PY2, Heath
DM3, Makin IR3, Degenhardt BF4, Roustit
M5.Assessment of skin blood flow following spinal manual therapy: a
systematic review. Man Ther. 2015 Apr;20(2):228-49. doi:
10.1016/j.math.2014.08.011. Epub 2014 Sep 10.
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