Como avaliar a hipomobilidade da coluna cervical?
Sempre que vamos avaliar a
acurácia diagnóstica de nossos testes de mobilidade articular devemos buscar um
padrão ouro para sua comparação e os estudos que selecionamos essa semana
motram uma forma interessante de conseguir validar nossa sensibilidade háptica
(vocês já sabem o que isso quer dizer né?) na precisão diagnóstica.
Dois estudos interessantes
avaliaram a acurácia diagnóstica dos testes de deslizamento cervical póstero
anterior e lateral que são parâmetros importantes para a determinação dos
níveis a serem tratados em osteopatia. Os dois estudos foram realizados de
acordo com as diretrizes de padrões de relatórios de precisão diagnóstica.
O teste de deslizamento
cervical posterior-anterior é um teste válido em comparação com a avaliação
radiográfica dinâmica em flexão / extensão como ferramenta para o diagnóstico
manual de hipomobilidade da articulação intervertebral na coluna vertebral cervical
média em pacientes com dor cervical mecânica.
Cinquenta pacientes com dor
cervical mecânica participaram. Um examinador realizou uma manobra de
deslizamento da coluna cervical no sentido póstero anterior para determinar a
presença de hipomobilidade articular nos níveis C3-C4, C4-C5 e C5-C6. Foram
obtidas duas radiografias dinâmicas em flexão / extensão do pescoço de cada
paciente. A mensuração foi da seguinte forma: o ângulo resultante da intersecção
de 2 linhas traçadas entre 2 vértebras consecutivas foi considerado o grau de
movimento intersegmental de flexão-extensão entre as vértebras.
As diferenças entre os
segmentos hipomóveis e não hipomóveis foram avaliadas com o teste t de Student.
Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo
negativo também foram obtidos.
Em todos os segmentos
cervicais, os pacientes com diagnóstico de hipomobilidade apresentaram
significância (P <0,001) menor movimento radiográfico (C3-C4: 12,4 graus +/-
2,7 graus, C4-C5: 14,5 graus +/- 2,6 graus C5-C6: 15,0 graus +/- 4,8 graus) em
comparação com os pacientes não diagnosticados com hipomobilidade (C3-C4: 17,6
graus +/- 3,8 graus, C4-C5: 19,4 graus +/- 3,4 graus, C5-C6: 21,0 graus +/- 3,8
graus). Os níveis C3-C4 e C4-C5 apresentaram alta sensibilidade (> 80%) e
especificidade (> 70%), enquanto que C5-C6 mostrou alta sensibilidade
(100%), mas baixa especificidade (41%).
O teste de deslizamento
cervical posterior-anterior foi tão bom quanto a avaliação radiográfica
dinâmica para o diagnóstico de hipomobilidade intervertebral na coluna cervical
média neste grupo de indivíduos.
O teste de deslizamento
lateral para a coluna cervical é um teste clínico válido em comparação com a
avaliação radiológica como ferramenta para o diagnóstico de disfunções
articulares intervertebrais na coluna cervical inferior em pacientes com dor cervical
mecânica.
Vinte e cinco pacientes com
dor no pescoço mecânica apresentando assimetria de pelo menos 5 graus entre a
flexão lateral cervical esquerda e direita e diagnosticados com disfunção
articular intervertebral na coluna cervical inferior com base no teste de
deslizamento lateral foram estudados. Duas radiografias antero-posteriores
foram realizadas em cada paciente na amplitude máxima de flexão lateral
cervical direita e esquerda. O movimento intervertebral foi comparado entre o
lado hipomóvel e o lado contralateral no nível diagnosticado como hipomóvel
pelo teste de deslizamento lateral.
A assimetria entre o
movimento de flexão lateral cervical esquerdo e direito foi de 7,64 graus +/-
2,25 graus (P = 0,001). Quatorze pacientes foram diagnosticados com disfunções
intervertebrais no lado direito, enquanto 11 pacientes apresentaram hipomobilidade
cervical à esquerda. A disfunção articular na vértebra C3 foi a mais prevalente
(n = 16), seguida da disfunção na vértebra C4 (n = 9). O movimento radiológico
intervertebral no lado hipomobile (média 19,1, SD 2,1 mm) foi de 3,44 +/- 1,9
mm menor que o movimento radiológico intervertebral no lado contralateral
(média 22,6, SD 2,5 mm) com P = 0,002.
O teste de deslizamento
lateral para a coluna cervical foi tão bom como uma avaliação radiológica para
o diagnóstico de disfunções intervertebrais na coluna cervical inferior.
O que pode se concluir?
Que os testes de
deslizamento anterior e lateral são de boa acurácia diagnóstica para
hipomobilidade da coluna cervical
Por
Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
Fisioterapeuta
Pós
graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista
em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista
em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata
Certificado pela Escola de Madrid
Professor
e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre
e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado
em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)
É
um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de
Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP
Bibliografia
Rey-Eiriz G, Alburquerque-Sendín F, Barrera-Mellado I, Martín-Vallejo
FJ, Fernández-de-las-Peñas C.Validity of the posterior-anterior middle cervical
spine gliding test for the examination of intervertebral joint hypomobility in
mechanical neck pain. J Manipulative Physiol
Ther. 2010 May;33(4):279-85.
Fernández-de-las-Peñas C, Downey
C, Miangolarra-Page JC.Validity of the lateral gliding test as tool for the
diagnosis of intervertebral joint dysfunction in the lower cervical spine. J Manipulative Physiol Ther. 2005 Oct;28(8):610-6.
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