Efeitos da desprogramação neuro muscular na posição da cabeça.

Clinical Practice/Orthodontics

Effects of neuromuscular deprogramming on the head position
Augusto Ricardo Andrighetto1,
Solange Mongelli de Fantini2
1Department of Orthodontics, ILAPEO, Brazil, 2Department of Orthodontics and Dental Pediatrics, University of São Paulo, Brazil

Uma contribuição dos colegas dentistas ao scopo da osteopatia. Uma relação entre a oclusão dental e a posição corporal já foi descrita por Bricot há alguns anos. Entretanto, pesquisas científicas na área são ainda escassas. Muito ainda precisa ser feito para demonstrar o que a clínica da osteopatia mostra.

Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da desprogramação neuromuscular da mandíbula na posição craniocervical.

Métodos: Os participantes (n = 65) foram separados em dois grupos: 25 controles não tratados (10 homens e 15 mulheres) e 40 pacientes (17 homens e 23 mulheres) e foi submetido a desprogramação neuromuscular com placas oclusais superiores para uma média de 6 meses e 7 dias, antes do tratamento ortodôntico. Radiografias laterais foram obtidas de cada sujeito na posição natural da cabeça (PNC), antes e após a desprogramação neuromuscular.
Análise cefalométrica craniocervical foi realizada para avaliar:
craniovertical (NSL / VER),
craniocervical (OPT / NSL e CVT / NSL), e
cervicohorizontal (OPT / HOR e CVT / HOR) e
o ângulo da curvatura cervical (OPT / CVT) .








Resultados: Após a desprogramação neuromuscular, alterações significativas nos três ângulos - foram encontrados entre os dois grupos –
NSL / VER (P, 0,001),
OPT / NSL (P, 0,001) e
CVT / NSL (P, 0,001).
Para a posição da coluna cervical, não foram observadas alterações significativas.

Conclusão: Os resultados indicam que a desprogramação neuromuscular usando oclusal imobilização provoca uma extensão significativa da cabeça.

Apresentamos algumas das explicações discutidas pelos autores:

1 – relação com os estudos anteriores:
Além de observar a extensão da cabeça significativa em relação à coluna cervical, Moya e cols. também descobriram uma redução na curvatura cervical após o uso de estabilizadores superiores. Entretanto, esse estudo foi conduzido em pacientes com DTM, e o splint foi usado para apenas 1 hora. Da mesma forma, Huggare Raustia e relataram uma redução na curvatura cervical em pacientes com DTM após o tratamento, mas observou nenhuma mudança na posição da cabeça. No presente estudo, realizado em pacientes assintomáticos, não houve alteração significativa no ângulo de curva cervical (CVT / OPT). Da mesma forma, Root et al. após o aumento da dimensão vertical, por meio de placas oclusais utilizados durante um período de 8 minutos, observou nenhuma mudança significativa na curvatura cervical e posição da cabeça. Miralles et al. também não encontrou nenhuma mudança na posição da cabeça, com a utilização de um dispositivo removível, mas houve um aumento consequente na dimensão vertical durante um período de 4 meses.

2 – Biomecânica:
Em estudos anteriores, alterações significativas foram atribuídas ao aumento na dimensão vertical das relações craniocervicais e craniovertical e, especialmente no alargamento da cabeça. A possível seqüência de eventos biomecânicos responsáveis ​​por esse fenômeno, é que, com o aumento da dimensão vertical, a mandíbula é movida para baixo, relaxando os músculos supra-hióideos. Isto faz com que o osso hióide para ser libertado da sua tração prévia para cima elevação e, consequentemente, possa se mover para baixo, reduzindo, assim, o espaço aéreo faríngeo. Em compensação, a cabeça é estendida, o que, por sua vez, puxa o osso hióide passivamente para a frente, através do alongamento dos músculos supra-hióide, restaurando assim as dimensões do espaço de via aérea faríngea e, consequentemente, aumentando o fluxo de ar respiratório. A relação entre a posição da cabeça e do espaço de via aérea orofaríngea foi confirmada por Helsing, que identificado, após a sua extensão induzido, um aumento significativo na dimensão deste espaço, e por Springate, que sugeriu que o controle reflexo da via aérea faríngea no base da língua influencia a posição da cabeça.

            3 – outras relações:
A exigência respiratória parece influenciar diretamente a posição da cabeça. Verificou-se que os indivíduos com respiração bucal, em quem a respiração nasal foi restaurado, tiveram suas cabeças flexionados. Esta reação também foi observada em crianças submetidas à expansão rápida da maxila, em quem o fluxo de ar nasal foi aumentada. O oposto também é verdadeiro, como uma extensão imediata da cabeça foi observado em indivíduos que tiveram obstrução experimental da respiração nasal. Este fato foi confirmado em estudos realizados por Huggare e Laine-Alava, no qual os autores encontraram uma correlação positiva entre a capacidade de nasofaringe respiratório e na extensão da cabeça sobre a coluna cervical, e também na pesquisa realizada por Cuccia et al., Em que os autores identificaram uma maior extensão da cabeça e uma redução na curvatura cervical em crianças com respiração bucal.
Esta pode ser uma possível explicação para as extensões crânio-cervical e craniovertical observados no presente estudo, como as investigações anteriores mostraram que desprogramação neuromuscular provoca aumento anterior menor altura facial, pelo aparecimento de interferências nos dentes posteriores, e diminuição do espaço aéreo orofaríngeo.





De fato, existe um grande suporte da literatura em relação as mudanças da posição da cabeça com relação ao uso de órteses dentais, o que leva a relação postural sugerida por bricot.

Como um estudo com base osteopática poderia ser conduzido nesses moldes?

Um forte abraço

Bons estudos.

Fellipe Amatuzzi Teixeira, Ft, Msc, D.O.
Fisioterapeuta
Osteopata pela Escuela de Osteopatia de Madrid - EOM
Especialista em Osteopatia - UCB/RJ
Member of Scientific European Federation Osteopaths - SEFO
Mestre em Educação Física - UCB/DF
Doutorando em Ciências e Tecnologias em Saúde - FCE/UnB

CURRICULUM LATTES 

Prof Fellipe Amatuzzi é osteopata DO pela EOM e professor do curso de Fisioterapia da Universidade de Brasília
É um interessado em estudos relacionando respostas vasculares e autonômicas frente ao tratamento osteopático e tratamento da dor crônica atuando no grupo de dor crônica do Hospital Universtário de Brasília – HUB/UnB




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