Como ensinar os efeitos fisiológicos da manipulação?

Texto baseado no artigo:

J Am Osteopath Assoc. 2014 Dec;114(12):918-29.
Use of real-time physiologic parameter assessment to augment osteopathic manipulative treatment training for first-year osteopathic medical students.
Heath DM1, Makin IR2, Pedapati C1, Kirsch J1.
Author information

1From the A.T. Still University-School of Osteopathic Medicine in Arizona (Mesa).
2From the A.T. Still University-School of Osteopathic Medicine in Arizona (Mesa) imakin@atsu.edu.



Em nossa postagem dessa semana, iremos falar sobre o ensino de Osteopatia. O trabalho foi realizado na ATSU (Andrew Taylor Still University) no Campus do Arizona. A ATSU é a instituição de ensino mais antiga do mundo na Osteopatia pois, o primeiro Campus da universidade foi fundado pelo criador - por isso leva seu nome - na cidade de Kirksville MO.

Desde os tempos de Still até os dias atuais, o ensino é tema de discussão e preocupação. Sabe se que temos vários canais de aprendizagem, algumas pessoas são visuais, outras auditivas e outras cinestésicas ou seja, algumas aprendem visualizando, outras ouvindo e outras sentindo. Esse canal é uma forma e nunca é utilizado isoladamente pois, todo o nosso aprendizado é por associação, sempre buscamos apoio de outras vias não predominantes.

A formação em Osteopatia nos EUA é feita na formação de medicina e particularmente, nos dois primeiros anos da formação são ensinadas as técnicas manipulativas.

E qual é a melhor forma de mostrar na prática aos alunos quais são os efeitos fisiológicos do tratamento osteopático manipulativo (OMT) ?

O modelo desenvolvido neste trabalho foi aplicado em estudantes do primeiro ano de Medicina Osteopática. Esses alunos já compreendem os princípios da Medicina Osteopática e tem desenvolvidas capacidades de avaliação e tratamento em OMT.

Os parâmetros fisiológicos coletados antes e após a intervenção, que foi realizada em duplas pelos próprios alunos (um realizou o tratamento no outro), foram força máxima de preensão palmar, tempo de fadiga dos músculos flexores do antebraço coletados no Laboratório de Músculoesquelético e frequência cardíaca e fluxo vascular periférico coletados no Laboratório Cardiovascular.

Os alunos foram divididos em pequenos grupos e foi então realizado a OMT e coletados os dados nos respectivos laboratórios.

Os dados foram analisados posteriormente em grupo por todos os estudantes. E ao final dos atendimentos, os alunos responderam a um breve levantamento sobre a utilidade do modelo de ensino.

Os resultados mostram que13 dos 28 estudantes (46,4%) apresentaram um aumento pré para o pós-OMT em força máxima de apreensão palmar, e 16 (57,1%) observaram um aumento no tempo de fadiga dos músculos flexores do antebraço.

Quanto à frequência cardíaca, 23 dos 27 estudantes (85,2%) observou-se uma redução e 19 (70,4%) foi encontrado um aumento no fluxo vascular periférica após OMT. 


Os alunos relataram um parecer favorável ao modelo de ensino com uma escala de 0 a 10. O Laboratório Músculoesquelético foi avaliado com nota de 6,38 e de 7,81 para o Laboratório Cardiovascular

Porém, em comentários abertos, os alunos consideraram os laboratórios combinados como clinicamente aplicáveis, mas desejaram mais tempo para explorar os laboratórios para coleta de outros dados não mensurados no modelo apresentado.


A excelente experiência nos mostra uma maneira de apresentarmos os dados fisiológicos da OMT e um modelo de ensino a ser seguido e aprimorado.

Quais outros dados pode se coletar?

A vontade agora é a de voltar pra sala de aula…








Escrito por

Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
Fisioterapeuta pela UNICID/SP
Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
Professor e Coordenador da Escola de Madrid
Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação – USP
Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)



É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo – USP

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