Quais as principais dificuldades na palpação dos processos espinhosos da coluna lombar?

Palpatory Accuracy of Lumbar Spinous Processes Using Multiple Bony Landmarks
Karen T. Snider, DO, MS, Eric J. Snider, DO, Brian F. Degenhardt, DO, Jane C. Johnson, MA, James W. Kribs, DO
Received: February 18, 2011; Received in revised form: March 30, 2011; Accepted: April 1, 2011; Published Online: May 16, 2011Palpatory Accuracy of Lumbar Spinous Processes Using Multiple Bony Landmarks

A acurácia da palpação dos processos espinhosos utilizando se diferentes - múltiplas referências anatômicas


O artigo foi produzido pelo Andrew Taylor Still Research Institute, um dos principais centros de treinamento de palpação do mundo, localizado em Kirksville MO, USA. Os autores são os responsáveis pelo laboratório.

A localização exata dos segmentos vertebrais é crucial para procedimentos como a raquianestesia, peridural lombar, punção lombar, e avaliação osteopática.

O estudo teve por objetivo do determinar a precisão da identificação do nível segmentar lombar - processo espinhoso - por palpação. 


Os examinadores identificaram os processos espinhosos  de L1 a L4 de maneira independente em 60 voluntários utilizando vários pontos de referência ósseos, incluindo a base sacral, L5, linha de Tuffier (linha que cruza perpendicularmente a lombar na altura de L4 ou L4-L5), T12, e a 12ª costelas. 

A metodologia foi marcar os processos espinhosos com identificadores de radiocomunicações opacos. Desse modo, os sujeitos avaliados ficariam sem nenhuma marcação para o próximo examinador e foi então possível identificar as marcações e compará las com um RX, de modo que foram tabulados os erros e acertos na identificação de cada processo espinhoso.

Quando estudamos uma validação de confiabilidade interexaminadores utilizamos normalmente uma variável que já foi explicada aqui, a variável Kappa, que é um índice de confiabilidade aplicado à uma amostra e tem seus valores entre -1 a 1, sendo 1 o maior valor possível e -1 a menor taxa de confiabilidade possível.

Os examinadores identificaram um processo espinhoso ao invés de um espaço interespinhoso em 91% dos casos. 

A precisão na identificação do processo espinhoso correta era kappa = 0,81 (IC 95% 0,79-0,83). 

Um valor interessante encontrado foi que os examinadores que eram formados em medicina osteopática na universidade foram significativamente mais precisos do que o examinador residente - estudante (67-78% vs 51%, P≤0.03). Isso nos leva a acreditar mais uma vez que a palpação é diretamente proporcional ao treinamento do sentido do tato e o conhecimento de anatomia.

Sempre que estamos investigando por palpação a presença de anormalidades anatômicas como costela cervical, megaapófise transversa ou anormalidades em costelas, por exemplo, afetam a precisão da localização do ponto anatômico desejado. Nesse estudo não foi diferente, a presença de anomalias de costela 12ª afetou negativamente precisão em todos os examinadores (p≤0,05), diminuindo a precisão de 74% para 55%. A presença de anomalias de costela afetou negativamente precisão palpatória em todos os examinadores (P≤.05).

Quando foi comparado em relação aos sexos, os homens tiveram uma maior precisão do que as mulheres, a precisão em indivíduos do sexo masculino em relação aos indivíduos do sexo feminino (p = 0,01). 

Um outro fator que deve ser levado em consideração quando realizamos uma palpação é a compleição corporal. A obesidade diminuiu significativamente a precisão (P = 0,0003) em L3 (50% vs 73%) e L4 (44% vs 72%).

A identificação dos processos espinhosos lombares utilizando múltiplos pontos de referência é mais preciso do que os valores anteriormente publicados na literatura. O estudo levou em consideração a maneira própria do examinador em encontrar as estruturas não selecionando essa ou aquela metodologia de investigação palpatória, um ponto importante de diferenciação dos estudos anteriores.

Pode se concluir então que, a precisão na palpação depende de vários fatores - o nível de experiência do examinador (quanto mais experiente, melhor o desempenho), a presença de anomalias anatômicas (quanto mais deformidades anatômicas, pior a precisão), e demografia sujeitos (quanto maior o IMC, pior a precisão).


E você, quais as referências anatômicas que utiliza na palpação da coluna lombar? E já testou a sua precisão na localização?




Artigo na íntegra em - http://www.jmptonline.org/article/S0161-4754(11)00066-2/pdf


Por Leonardo Nascimento


 Leonardo Nascimento, Ft Msc ETM DO
 Fisioterapeuta pela UNICID/SP
 Pós graduado em Fisioterapia Ortopédica e Desportiva pela UNICID/SP
 Especialista em Terapia Manual e Postural pela Cesumar/PR
 Especialista em Osteopatia pela Universidade Castelo Branco/RJ
 Osteopata Certificado pela Escola de Madrid
 Mestre e Doutorando em Ciências da Reabilitação - USP
 Diplomado em Osteopatia pela SEFO (Scientific European Federation Osteopaths)

É um estudioso da área de palpação e sensibilidade manual tátil no Laboratório de Fisioterapia e Comportamento na Universidade de São Paulo - USP

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

INTERDEPENDÊNCIA REGIONAL

Nervo vertebral

Argumentos a favor e contra o movimento da sinostose esfeno-occipital: Promover o debate